Usinas nucleares são indústrias que produzem energia elétrica a partir de reações no núcleo dos átomos de elementos químicos, que podem acontecer de duas formas: por meio da fissão nuclear, que é quando o núcleo atômico se divide em duas ou mais partículas, ou fusão nuclear, que é quando os núcleos se unem para produzir um novo elemento. Nos dois casos, as reações geram calor, que, em condições de alta pressão, é capaz de aquecer a água no sistema de alimentação até que atinja os 320 graus. O vapor gerado no processo movimenta as turbinas, produzindo eletricidade. A fissão do átomo do urânio é a principal técnica empregada no mundo para a geração de eletricidade em usinas nucleares. Inclusive no Brasil, que tem duas em operação. Angra 1 e Angra 2, localizadas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Elas fazem parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que é controlada pela estatal Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras.
A Angra 1 foi a primeira a entrar em operação, em 1985, no final do regime militar. A estrutura conta com 640 megawatts de potência e gera energia suficiente para suprir uma cidade de 1 milhão de habitantes. Já a Angra 2 começou a funcionar em 2001 e tem potência de 1.350 megawatts, sendo capaz de atender ao consumo de uma cidade com 2 milhões de moradores. Pelo sistema elétrico interligado, a energia produzida pelas nucleares chega aos principais centros brasileiros e, juntas, correspondem a aproximadamente 3% da eletricidade consumida no país. Só no Rio, mais de 30% do consumo total provêm dessas usinas. Para aumentar a oferta de energia, a expectativa é que as obras da Angra 3 sejam retomadas ainda neste ano. A construção segue paralisada desde 2015, por falta de recursos. Ano em que vieram à tona denúncias de corrupção envolvendo o empreendimento. Até agora, 65% das obras foram concluídas, com custo total estimado em mais de R$ 17 bilhões. No final de junho, a Eletronuclear deu andamento à licitação que permitirá a continuidade da construção. A previsão é que a usina entre em operação em 2026. Com a nova unidade, a produção total de energia nuclear, no Brasil, alcançará quase quatro mil megawatts.
Para os defensores das usinas nucleares, trata-se de uma tecnologia viável e sustentável. Isso porque é considerada fonte de energia limpa, uma vez que não emite gases de efeito estufa, e não é afetada pelas variações climáticas. Além disso, o combustível usado para geração de eletricidade, que é o urânio, é de origem nacional e o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais do elemento. Outra vantagem é que, por ocuparem uma área pequena, as usinas nucleares podem ficar próximas dos grandes centros, eliminando a necessidade de longas linhas de transmissão. Os críticos, por outro lado, sustentam que se trata de um investimento que não vale a pena, já que o custo da energia nuclear é muito alto frente à capacidade de geração da usina. Sem contar o risco de acidentes de grandes proporções, como as tragédias de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, considerado o pior acidente nuclear dos últimos tempos, e as explosões na usina de Fukushima, no Japão, em 2011, após um terremoto seguido de tsunami. Alguns especialistas contrários à tecnologia ainda alertam para problemas ambientais, resultantes do aquecimento de ecossistemas aquáticos que recebem a água de resfriamento dos reatores. Tá Explicado?