ABDAN realizará encontros de negócios para apresentar oportunidades do setor nuclear para pequenas empresas

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

celso-cunhaEm mais um movimento para fortalecer a cadeia produtiva do setor nuclear nacional, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) realizará na próxima semana dois eventos virtuais com esse propósito. Ambos os encontros acontecerão na quarta-feira (1º) e terão convidados especiais de grandes empresas nacionais e internacionais falando sobre o potencial das micro, pequenas e médias empresas dentro da indústria nuclear. Para conversar sobre os eventos e também para conhecer mais a respeito desse movimento de fomento à cadeia produtiva nacional, nosso entrevistado de hoje (26) será o presidente da ABDAN, Celso Cunha. Ele ressalta que existe um potencial muito grande para que companhias de outros segmentos – como o de óleo e gás – ingressem como fornecedoras também no ramo nuclear. “Em todo o mundo, as startups, micro e pequenas empresas têm tido um papel muito importante no setor nuclear como prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos e tecnologias”, afirmou. Cunha também detalhou como estão as demais iniciativas da ABDAN no sentido de ajudar no crescimento da cadeia produtiva do segmento nuclear brasileiro, como um convênio com o Sebrae-RJ e um edital com oito desafios tecnológicos propostos por grandes empresas âncoras do setor. O raio de ação da associação inclui ainda a formação de uma Rota Tecnológica do Setor Nuclear Brasileiro no eixo Rio-São Paulo-Minas: “A ideia é fomentar esse mega cluster para que seja possível termos ações conjuntas no futuro entre esses três estados, fazendo assim esse segmento prosperar”, concluiu. As inscrições para os eventos podem ser feitas neste link.

Qual será o foco desse evento que a Abdan realizará na manhã do dia 1º de setembro?

reator-nuclearDurante a Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), dois painéis não puderam ser realizados por questões técnicas. Então, realizaremos esses dois painéis da próxima semana e serão extremamente interessantes. O primeiro deles, a partir das 11h, terá a participação da consultora de engenharia no grupo de inovação da Westinghouse, Eva Gustavsson. A Westinghouse está implantando um processo forte de inovação e cadeia de suprimentos. Por tanto, trazer a Eva para o nosso evento será muito interessante, porque a ABDAN também está incentivando muito a cadeia produtiva do setor nuclear, com foco principalmente nas micro e pequenas empresas – que correspondem a 98% dos CNPJs abertos no Brasil.

Também teremos a participação do José Aluísio Guimarães, que é gerente de incubação do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Citec). O Cietec é uma incubadora existente dentro da Universidade de São Paulo (USP), com mais de mais de 80 micro e pequenas empresas incubadas, sendo que muitas delas militam no setor nuclear.

O  moderador desse evento será de primeiro nível. Convidamos o José Roberto Aranha, que é conselheiro da ABDAN e presidente do conselho da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Ele é um especialista em tudo que se refere à inovação e cadeia produtiva. Então, esse será um painel extremamente interessante, com muitas informações e experiências sobre esse processo de incentivo à micro e pequena empresa.

E no período da tarde haverá uma rodada de negócios? Quantas empresas participarão?

angra 2A rodada de negócios, que começará às 14h, terá a participação de mais de 120 empresas inscritas, que vão poder conversar com a Eletronuclear e a INB, no sentido de serem fornecedoras dessas duas empresas âncoras. Para se tornarem fornecedores dessas estatais, as empresas precisam cumprir a lei 8.666/1993 e uma série de outros rituais. Por isso, os fornecedores vão receber todo o suporte do sistema do Sebrae nesse sentido. É óbvio que ninguém vai sair desse evento com um negócio fechado. Mas todos os participantes poderão entender as oportunidades e conhecer os caminhos para fornecer produtos e serviços para essas duas grandes companhias do setor.

Poderia detalhar as motivações que estão levando a ABDAN a incentivar cada vez mais o desenvolvimento da cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro?

Em todo o mundo, as startups, micro e pequenas empresas têm tido um papel muito importante no setor nuclear como prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos e tecnologias. Hoje, o Brasil tem cerca de 2.900 CNPJs cadastrados na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Essas empresas já têm capacidade de fornecimento de setor. Mas, além dessas companhias, existe toda uma capacidade transversal em empresas que fornecem para outros setores, como os de petróleo e gás e automobilístico. São segmentos com certo nível de maturidade tecnológica também.

Então, é muito importante que o setor nuclear brasileiro aumente sua base de fornecedores. Em um momento como o atual, por conta da pandemia, o transporte de produtos vindos de fora do país fica muito prejudicado. Por isso, é extremamente importante esse movimento de aumentar a nossa base de fornecimento. Assim, se 98% dos CNPJs do Brasil são de micro e pequenas empresas, o caminho de fortalecimento da cadeia produtiva passa necessariamente por companhias desse porte. Isso, por si só, vai criar uma sinergia muito grande.

Além desses dois eventos, quais são as outras ações da ABDAN no sentido de fortalecimento da cadeia produtiva?

View of the nuclear power station in BrazilNós assinamos um convênio com o Sebrae-RJ, no final de 2019, focado no encadeamento produtivo, que visa exatamente buscar as micro e pequenas empresas que atuam de forma transversal. O Rio de Janeiro tem um foco muito grande na questão de óleo e gás, além de um polo no sul fluminense voltado à indústria automotiva. Há um potencial para estimular essa transversalidade. Esse projeto de encadeamento produtivo está iniciando-se agora, com uma série de ações que vão buscar encontrar aquele pequeno fornecedor que precisa apenas aprender como homologar o seu produto para também fornecer para o setor nuclear.

Já na questão da inovação tecnológica, o edital Arena Tecnológica, em parceria com o Sebreae-RJ, está com inscrições abertas até o dia 20 de setembro [o Petronotícias publicou uma entrevista sobre essa chamada pública, que pode ser lida aqui]. Já temos muitas empresas inscritas. Ao todo, são oito desafios propostos por três empresas âncoras – Eletronuclear, INB e Atech. Isso está caminhando muito bem.

Na mesma linha, outro trabalho feito com o Sebrae-RJ também foi o mapeamento das principais empresas do setor nuclear no eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais. Existem muitos fornecedores situados nesse eixo que podem ou já estão fazendo negócios com setor nuclear. Com isso, caracteriza-se tecnicamente o mega cluster do setor nuclear brasileiro. A ideia é fomentar esse mega cluster para que seja possível termos ações conjuntas no futuro entre esses três estados, fazendo assim esse segmento prosperar.

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