Inovação: propulsora da energia nuclear no Brasil

Leia este artigo elaborado pela Coordenadora do Comitê de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Nuclear no Brasil, da Abdan, que aborda sobre a importância da inovação contínua no setor de energia nuclear para o crescimento econômico regional e sustentável do país, e ainda como mola propulsora para novos mercados.

Inovação: propulsora da energia nuclear no Brasil

O setor nuclear é tecnologicamente muito desenvolvido. O termo “usina nuclear” por si já remete à inovação. Mas, em geral, os equipamentos e processos ligados à geração da energia em si são muito rígidos, devido a questão de segurança de operação.

Normas internacionais regem a energia nuclear no país

As normas seguidas são padrões internacionais, regulados até mesmo por uma agência das Nações Unidas. Então, nas usinas nucleares de Angra, por exemplo, a inovação tecnológica e de processos que envolvem os sistemas primário e secundários da usina, em geral, tem normatização complexa e vem de fora do país, visto que as nossas usinas foram implantadas através de acordos com os Estados Unidos e Alemanha.

Como não houve expansão da fonte no Brasil além de Angra 1, Angra 2 e a terceira em construção, a cadeia produtiva nuclear nacional teve desenvolvimento aquém do esperado, gerando dependência tecnológica externa, exposição cambial e custos mais elevados de manutenção, que são refletidos na tarifa de energia elétrica. Além disso, o processo de importação desses materiais é complexo, gerando um risco operacional devido à possibilidade de indisponibilidade de materiais.

A importância do desenvolvimento tecnológico

Por isso atualmente, quando falamos de INOVAÇÃO no setor de energia nuclear, podemos dizer que é a chave para a nossa tão almejada e necessária INDEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA. Através da inovação tem sido possível desenvolver internamente capacidades antes contratadas no exterior, bem como soluções nacionais para demandas que não sejam ligadas diretamente à ilha nuclear, por exemplo.

No entanto, para que a fonte seja alavancada no Brasil, a inovação precisa abranger mais do que o desenvolvimento tecnológico, precisa abranger os processos e métodos, como:

  • ciclos muito longos de implementação desde a escolha do sitio até uma planta entrar em operação, que elevam muito os riscos e custos;
  • modelos de negócios atrativos para investidores privados, com melhor compartilhamento e gerenciamento dos riscos;
  • revisão da parte regulatória, reduzindo complexidade, riscos e aumentando garantias no licenciamento;
  • novas formas de comunicação com a sociedade e governo sobre os atributos da fonte, de forma que suportemos mais políticas públicas favoráveis à expansão;
  • a nacionalização da cadeia produtiva e qualificação de fornecedores em todos os processos, mesmo de suporte e gestão, tem um ganho potencial incrível.

A inovação como mola propulsora para novos mercados

Além de ser capaz de impulsionar a redução de custos, redução de riscos operacionais, ganho de eficiência e a flexibilidade das plantas, a inovação ainda é capaz de abrir portas para novos mercados como hidrogênio por exemplo.

O grande interesse é a geração do hidrogênio por fontes com baixa emissão de carbono, e a fonte nuclear, por ser limpa e confiável, tem grande vantagem nesse mercado. Vantagem essa que só tende a crescer com a entrada dos projetos avançados de reatores, como “high temperature gas reactors”, reatores rápidos, vários considerados em projetos de pequenos reatores modulares (SMR), porque permitiria, ainda, a geração do gás de forma mais eficiente.

Sobre SMR, a maior inovação no setor que vem como proposta de solução da indústria para reduzir os riscos de construção associados aos grandes reatores, ou seja, construí-los em tamanhos menores (entre 60MW e 300MW, e micro reatores, a maioria de até 10MW). O SMR também se apresenta como uma alternativa de fonte de energia firme e limpa para geração distribuída.

A energia nuclear e seus benefícios para o desenvolvimento sustentável

As usinas nucleares são projetos mega infraestruturais de importância nacional, que trazem importantes benefícios para a sociedade, tais como garantia da segurança energética, ar mais limpo, mitigação das mudanças climáticas, crescimento econômico regional e desenvolvimento sustentável.

Os países com parque nuclear desenvolvido, como Estados Unidos, Canadá, França, Rússia, China, possuem em seus programas de Estado recursos destinados ao desenvolvimento tecnológico do setor.

No Brasil não será diferente

Para expandir os seus benefícios para a sociedade brasileira, o setor nuclear precisa ter expandido, em primeiro lugar, seu espaço na agenda dos programas de desenvolvimento tecnológico e de energia do Estado, utilizando instrumentos adequados de estímulo à inovação.


Evento Nuclear Trade e Technology Exchange

Quando: 27 a 29 de julho de 2021

Inscrições: https://www.nt2e.com.br/

Evento gratuito!Fonte:Rio Oportunidades de NegóciosAutor:Karla Kwiatkowski Lepetitgaland – Coordenadora de P&D+I da Eletronuclear (Departamento de Desenvolvimento de Novos Empreendimentos) e Coordenadora do Comitê de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Nuclear no Brasil, da AbdanPublicado em:26 de julho de 2021