Um programa-piloto implementado em Pernambuco e na Bahia, que usa uma técnica nuclear para combater o mosquito que transmite dengue e Zika, está sendo elogiado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.
Rafael Mariano Grossi visitou o Brasil e declarou que o projeto terá um impacto importante no mundo todo. Além de acompanhar de perto o programa na cidade de Recife, ele esteve também na usina de energia nuclear de Angra dos Reis. Aiea/Dean CalmaMosquitos macho nos laboratórios da Aiea, antes de serem esterilizados usando radiação.
Inseto Estéril
Esta foi a primeira vez que o chefe da Aiea esteve em um país da América Latina, desde que assumiu o posto, em 2019. Grossi participou, em Recife, da libertação de mosquitos criados com a técnica do inseto estéril.
Com esta técnica, os machos da espécie são criados em massa, recebem radiação e ficam impossibilitados de se reproduzirem. Depois, os insetos são liberados no ar para se acasalarem com as fêmeas. Mas sem poder gerar filhotes, acaba havendo queda na população dos mosquitos que transmitem a dengue.
A Moscamed Brasil é parceira da Aiea e é uma das primeiras empresas no mundo a utilizar a técnica do inseto estéril. Os alvos são os municípios da Bahia e de Pernambuco, que foram muito afetados pela Zika em 2016. Opas/OMSA Aiea lembra que os mosquitos, que transmitem as doenças, estão cada vez mais resistentes a inseticidas
Energia Nuclear
Desde outubro do ano passado, entre 250 mil a 350 mil mosquitos machos estéreis têm sido libertados todas as semanas numa área de 60 hectares. A ação já resultou na redução de 19% na população de mosquitos no local.
Depois de Recife, o chefe da Aieia Rafael Grossi seguiu para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele visitou a estação de energia nuclear com dois reatores com capacidade de 1,884 MW(e), fornecendo pouco mais de 2% da eletricidade do Brasil. Foto: AieaO mosquito aedes aegypti transmite doenças como chikungunya, dengue e zika.
Pesquisas
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica avalia que o Brasil “tem um programa de energia nuclear bem desenvolvido e ambicioso”. No ano passado, o país adotou um plano nacional que prevê, até 2050, um aumento de 10 gigawatts na capacidade nuclear do país.
Grossi destacou que a Aiea continuará cooperando com o país. No fim de semana, ele esteve também no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Ipen.
Na área funciona o primeiro reator nuclear utilizado pelo Brasil em pesquisas nas áreas da indústria e da saúde, incluindo o uso de radiofarmacêuticos para tratar vários tipos de câncer.