Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, lançou nesta terça-feira (11), em Brasília, o Plano Decenal de Energia (PDE 2029), documento que traz uma indicação das perspectivas de expansão futura do setor de energia para a próxima década. Para o setor de óleo e gás, especificamente, as projeções são animadoras. O governo estima que a frota atual de FPSOs, hoje com 45 unidades, vai receber mais 42 embarcações até 2029. Além disso, a produção de petróleo deverá bater a marca de 5,5 milhões de barris por dia naquele ano, o dobro do valor registrado em 2018 e 71% maior na comparação com o volume projetado para 2020 (3,2 milhões de barris por dia).
O PDE indica também que o pré-sal responderá por cerca de 77% da produção nacional de petróleo, com forte participação da Bacia de Santos. O governo avalia também que com a previsão de produção crescente de petróleo, associada ao incremento marginal da capacidade de refino, o Brasil assumirá a condição de exportador líquido de petróleo.
Falando sobre refino, o PDE considera que a entrada em operação da unidade de abatimento de emissões (SNOx) da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em 2021, o 1ª trem da planta passará a ter capacidade de processar 130 mil barris por dia (ganho de 30%). O 2º trem da Rnest, também com capacidade de refino de 130 mil barris diários, entrará em operação em 2024. Dessa forma, a capacidade total do Brasil sairá dos atuais 2,3 milhões de barris por dia para cerca de 2,5 milhões de barris diários em 2029.
O plano também trouxe algumas estimativas positivas para o mercado de gás natural. O mercado consumidor deste combustível deve apresentar taxa média de crescimento anual de 1,4% para a demanda não-termelétrica entre 2019 e 2029. A projeção de demanda de gás natural para geração de energia aumentará em 1,3 milhões de m³ por dia, em 2029. Isso representará um acréscimo de 6,5% na comparação com o ano passado. Assim, o Brasil deve chegar em 2029 com um consumo total de 87,6 milhões de m³/dia de gás natural, alta de 10 milhões de m³ diários ante o volume projetado para 2019.
CRESCIMENTO NA GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA
O documento apresentado hoje pelo governo trabalha com a premissa de recuperação gradual da economia brasileira. A expectativa é de um crescimento médio do PIB de 2,9% ao ano e de 2,2% anuais do PIB per capita. Como a evolução da economia e o crescimento do consumo estão intimamente ligados, o governo acredita que o uso de energia subirá 28% de 2019 a 2029. O diesel e gasolina continuarão sendo os principais derivados, respondendo por quase 2/3 do consumo deste tipo de produto.
Na Micro e Minigeração Distribuída, o PDE aponta que essa modalidade de produção de eletricidade representará cerca de 2,3% da carga total em 2029, com 1,3 milhão de usuários. A capacidade dessas plantas alcançará 11 GW em 2029. Enquanto isso, a geração centralizada saltará para 221 GW (37%) e a autoprodução passará para 18,6 GW (41%).
Somando tudo isso, a capacidade total de geração brasileira, levando em consideração todas as fontes, subirá 43%, saindo dos atuais 176 GW para 251 GW em 2029. O gráfico ao lado detalha a participação de cada fonte dentro desse cenário.
Para dar vazão a esse crescimento na geração, devem ser construídas até 49 mil km de novas linhas de transmissão, totalizando 203 mil km em 2029. Os investimentos nesse segmento vão somar R$ 73,6 bilhões, nas contas do Ministério de Minas e Energia.
INDICAÇÃO DE NOVAS USINAS NUCLEARES
Conforme noticiamos mais cedo, o PDE 2029 foi o primeiro na história do planejamento energético brasileiro, a ter uma indicação clara de novas usinas nucleares. O documento classifica a fonte como “um recurso tecnicamente viável e não emissor de GEE [gases do efeito estufa]”, além de afirmar que poderá “desempenhar um papel estratégico para o país do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico”.
O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha (foto), destacou a importância desse feito, o que trará não apenas segurança energética, mas também benefícios para o meio ambiente. “Com a indicação de novas usinas nucleares no planejamento energético do Brasil, o país passa a demonstrar sua intenção em investir em uma fonte de geração firme e de baixa emissão de gases do efeito estuda. Assim, estamos caminhando para cumprir os compromissos firmados no Acordo de Paris”, afirmou. “Poderemos ter uma indústria não só abastecida, mas também poderemos avançar em outros aspectos, como programa de carros elétricos”, completou.
Confira abaixo a apresentação de slides com um resumo do PDE 2029, elaborada pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME:
Apresentação PDE 2029 – REIVE BARROS