O tempo é de avanços na Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), que estreou nesta semana a sua nova sede, localizada no Centro do Rio de Janeiro. O evento de inauguração do espaço, que foi amplamente modernizado, reuniu importantes nomes do segmento nuclear brasileiro e também marcou o início de uma nova etapa na história da associação, que vai completar 32 anos de existência no mês de outubro. Além da abertura da sede, a entidade também está celebrando outro importante feito: a associação passou a agregar empresas ligadas à medicina nuclear. As novidades preparam a Abdan para o horizonte que se desenha para os próximos anos no Brasil, onde a fonte nuclear tende a ganhar mais importância em geração de energia e também nos seus usos social e medicinal.
“O papel da Abdan é representar os interesses da indústria nuclear e liderar essas discussões. O setor nuclear vive a expectativa da conclusão de Angra 3, que será muito importante, pois traz escala à toda a cadeia produtiva do segmento, desde a produção de combustível à geração de energia”, declarou o presidente da Abdan, Celso Cunha. “A modernização da nossa sede é mais um passo da Abdan para estar alinhada com todos os associados, que estão vivendo esse momento de crescimento da energia nuclear no país, já que há a expectativa da conclusão de Angra 3 e também o desenvolvimento de novas centrais nucleares”, complementou.
Como se sabe, o setor aguarda a divulgação do modelo de parceria público-privada para a conclusão das obras de Angra 3. A expectativa do governo é lançar o edital para a escolha de uma empresa privada para retomar o empreendimento até o primeiro trimestre do ano que vem. Para terminar a construção da usina, serão necessários ainda US$ 3,8 bilhões. Até agora, a planta já recebeu investimentos de US$ 2,5 bilhões.
Mas a geração de energia não é o único foco do setor nuclear brasileiro. O uso medicinal da fonte também tem recebido mais atenção, especialmente com o desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que tornará o país autossuficiente na produção de radioisótopos – usados na produção de medicamentos e em procedimentos. Atenta a isso, a Abdan passa a agregar também em seu corpo de associados as empresas ligadas ao setor de medicina nuclear.
“A chegada das empresas que usam a fonte nuclear no segmento de medicina é muito importante, já que o Brasil vai experimentar um aumento na produção de radiofármacos a partir da entrada de operação do RMB. Agregar essas companhias na Abdan fortalecerá não apenas a associação, mas toda a cadeia”, afirmou Cunha.
Hoje, no Brasil, a medicina nuclear gera 4,8 mil postos de trabalho, entre empregos diretos e indiretos. O segmento movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano no país e atende cerca de 880 mil pacientes, segundo dados levantados pela própria Abdan. A associação enxerga diversas oportunidades no uso da medicina nuclear no país, como aumento de sua aplicação terapêutica e a substituição de equipamentos tradicionais. Mas ainda há desafios que precisam ser superados, de acordo com a entidade, como excessivos regulamentos rigorosos e a alta carga tributária.
Confira abaixo a galeria de fotos do evento de inauguração da nova sede: