A tecnologia de irradiação de alimentos é uma alternativa viável para uso na agropecuária e contribui para manter o protagonismo que o Brasil representa no setor, bem como sua vocação para alimentar o mundo. Essa reflexão foi apresentada no XIII Seminário Internacional de Energia Nuclear – Sien 2022, na tarde desta quarta-feira (9). Com a técnica, a vida de prateleira dos produtos é ampliada e pragas que ameaçam alguns itens são eliminadas.
O evento, promovido pela Casa Viva, ocorreu de forma híbrida e teve parceria da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As considerações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foram apresentadas no painel “Irradiação de alimentos na defesa do clima e contra a fome – avanços e tecnologias” pela superintendente federal de Agricultura no Estado de São Paulo, Andréa Moura.
Segundo ela, a irradiação permite conservar os produtos do agro por mais tempo, evitando perdas e desperdício, o que pode ser considerado estratégico em um contexto de pressão demográfica por alimentos no Brasil e no mundo.
Outro benefício da tecnologia é a eliminação de patógenos eventualmente presentes em alimentos e que podem causar doenças nos consumidores. “A irradiação é uma técnica segura e o consumo de alimentos irradiados é permitido em 60 países”, afirmou Andréa.
Ações
A superintendente descreveu as ações adotadas pelo Mapa para fomentar a irradiação na agropecuária, como a participação no Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, a constituição de um grupo de trabalho coordenado pela Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, além da elaboração de um plano de negócios para instalação sustentável de irradiadores multipropósitos no país. “Em breve, esse plano estará disponível para consulta no portal do Mapa”, afirmou.
As ações envolvem ainda planos de comunicação para apresentar as vantagens competitivas ao setor produtivo e para desmistificar a tecnologia junto ao consumidor em geral. Em diversos países onde a irradiação de alimentos já foi implantada, houve trabalho semelhante, uma vez que a energia nuclear ainda é fortemente associada a questões bélicas.
Segurança
Os alimentos não se tornam radioativos com a aplicação da tecnologia. Ao contrário, a utilização da energia nuclear na agropecuária aumenta a vida útil dos alimentos e também possibilita a eliminação de pragas. Andréa falou ainda da necessidade de a política pública de apoio à irradiação ser tratada como política de Estado, e não de governo, porque é algo que favorece o país.
Também participaram do painel o diretor do Núcleo de Inovação Tecnológica do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Carlos Nabil Ghobril, e o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, que estava na Espanha acompanhando evento sobre o agro.
Fonte: Portal do Agronegócio