A equipe HackIPEN, do IPEN, foi a vencedora do Brazil HackAtom, competição científica por equipes com a finalidade de desenvolver ideias sobre um tema relacionado à energia nuclear. Promovida pelo Instituto, em parceria com o Instituto de Engenharia Física (MEPhI) de Moscou e Corporação Estadual de Energia Atômica Rosatom, a disputa envolveu nove equipes de até cinco participantes para a realização de duas tarefas e aconteceu de forma híbrida, nos dias 18 e 19.
Noé Gabriel Pinheiro Machado, Sandro Minarrine Cotrim Schott, Priscila Santos Rodrigues e Maria Eduarda Zaganin Rigo, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, e Jabison Rafael de Aguiar Bezerra, graduando de engenharia nuclear e bolsista de inicação científica, foram os vencedores. Em segundo lugar, veio a equipe Hackerspace, com estudantes do Instituto de Física da USP (IFUSP) e também do IPEN, e em terceiro, a Nuclear, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A primeira tarefa foi mais simples. As equipes receberam vários dados brutos de consumo de energia de uma usina nuclear e precisavam analisar esses dados e elaborar um algoritmo que previsse o futuro da usina (em relação ao consumo, não à geração), com escala temporal definida pelos próprios estudantes, desde que coerentes com a proposta. As três primeiras colocadas concluíram o trabalho com êxito, de acordo com Julian Shorto, pesquisador do IPEN e um dos coordenadores do HackAtom.
O desafio maior, segundo Shorto, foi na segunda tarefa, em que as equipes receberam dados brutos de temperatura e pressão uma usina nuclear, durante um período de tempo, e também alguns sinais na instrumentação, como detetores de vibração, e teriam que encontrar a correlação entre esses dados e elaborar uma previsão. “Foi mais difícil, porque, aparentemente, não havia correlação. Eles tentaram, usaram técnicas de inteligência artificial, mas nenhum conseguiu resolver totalmente”.
Shorto atribui a dois fatores: o tempo de 24h para a resolução do desafio – muito curto, na avaliação dele, e o fato de os participantes não terem vivência de uma usina, o que torna missão quase impossível correlacionar dados “sem a prática da vida real”, o que, conforme o pesquisador, “naturalmente indicaria pistas para eles atuarem”. “Para quem não conhece nada de uma usina, ter apenas 24 horas é bem difícil. Eles foram até surpreendentes nos resultados obtidos”, avaliou.
Na reta final, das nove equipes inscritas, apenas quatro se mantiveram na disputa. Shorto acredita que, apesar do pouco tempo para o grau de complexidade dos desafios, o Brazil HackAtom cumpriu seu objetivo, de incentivar o interesse de alunos da física nuclear e de outras ciências exatas e tecnologias pela área nuclear. “O que podemos melhorar, em edições futuras, é o contato com as equipes, talvez oferecendo um tutor para cada uma, por exemplo, e também trabalhar com um pouco mais tempo, antes do evento, sobre questões gerais”.
A equipe de professores foi composta por oito membros, sendo três do IPEN – Shorto, Delvonei Andrade e Luis Antonio Albiac Terremoto. Da Rússia, participaram Dmitry Samokhin, Alex Nakhabov, Dmitry Raspopov, Alla Udalova, Dmitry Savkin. Cada avaliador deu duas notas, uma para o resultado em si e outra para a apresentação da equipe. Ao final, a equipe vencedora obteve maior pontuação com sete dos oito avaliadores.
Parceria promissora
Niklaus Ursus Vetter, gerente de Internacionalização do IPEN, comentou sobre “o estreitamento dos laços acadêmicos entre MEPhI e IPEN”, que, por meio de um acordo bilateral, propiciou intercâmbio de vários alunos de pós e de cursos de pós-graduação da USP ministrados por professores russos em colaboração com docentes do IPEN. “Com a realização do evento HackAtom no IPEN, esse acordo chega a outro patamar. Estamos visando, agora, a dupla titulação IPEN – MEPhI, para oferecer aos alunos um mestrado internacional que possa resultar em um aumento de suas oportunidades de carreira”.
“Para nós, o HackAtom não é apenas um evento para promover a tecnologia nuclear, é uma possibilidade de interagir com os jovens talentosos capazes de apresentar soluções realmente interessantes e inovadoras. Estamos realizando este evento no Brasil pela primeira vez em conjunto com nosso parceiro IPEN e esperamos que o HackAtom se torne nosso evento anual comum e atraia o maior número possível de participantes de diferentes universidades e institutos”, disse Valery Karezin, diretor de Projetos do Escritório de Projetos para o Desenvolvimento da Educação e Cooperação Internacional da Rosatom, após o anúncio dos vencedores.
Ruan Nunes, vice-diretor do Centro Regional da Rosatom para a América Latina, falou sobre a “grande satisfação” de poder promover e acompanhar a primeira edição do HackAtom e destacou a disposição e a participação “notáveis” das equipes. “A capacidade de resolver problemas complexos em 24 horas demonstra o quão preparados são os cientistas e estudantes da área. Nada resta além da dar os parabéns aos participantes, ao IPEN e a MEphi. Vamos aguardar ansiosos a próxima edição no ano que vem”.
Wetter, Karezin, Nunes e Dmitry Savkin, vice-reitor de Relações Internacionais do MEPhI participaram do anúncio dos vencedores. Está programada para o final do mês uma cerimônia de premiação. O HackAtom é realizado fora da Rússia desde 2021, a primeira competição foi organizada na Bulgária e depois em outros países, entre eles, Hungria e Argentina.
Equipes
1o lugar: HackIPEN – Noé Gabriel Pinheiro Machado, Sandro Minarrine Cotrim Schott, Jabison Rafael de Aguiar Bezerra Priscila Santos Rodrigues, Maria Eduarda Zaganin Rigo.
2o lugar: Hackerspace (FUSP/IPEN): Victor Keichi Tsutsumiuchi, Cristhian Ferreira Talacimon, Ícaro Vaz Freire, Ricardo Laranjeira Couro Pitta e Júlio de Oliveira Júnior.
3o lugar: Nuclear (UFRJ): João Victor Faria de Souza, João Victor Sigaud Andrade Guimarães, Gabriel Faria Beserra, William Luna Salgado e Vinícius Souza Pinheiro Silva
Fonte: Ipen