O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, assinou um decreto —publicado nesta segunda-feira em La Gaceta, o jornal oficial do país centro-americano— no qual autoriza o desenvolvimento da energia atômica no país “para fins pacíficos”.
O decreto estabelece a criação de uma Comissão Nacional, composta pelo Comitê Nicaraguense de Ciência e Tecnologia (Conicyt), e os Ministérios da Saúde, Relações Exteriores, Meio Ambiente e Recursos Naturais, Tecnologias Agrícolas, Promoção da Indústria e Comércio, Sanidade Agropecuária e o exército nicaraguense.
A Comissão da Nicarágua para o Desenvolvimento da Energia Atômica para Fins Pacíficos terá como missão “promover o desenvolvimento e o uso da energia atômica para fins pacíficos na agricultura, medicina, indústria, ciência e tecnologia, vigilância ambiental e outros aspectos relacionados”, estabelece o decreto.
De acordo com a norma, a Comissão terá a tarefa de promover o “projeto e construção de instalações de pesquisa nuclear”, aceleradores de partículas, geradores de nêutrons e outras fontes de radiação ionizante. Além disso, serão consideradas as possibilidades de construção de um centro de ciência e tecnologia nuclear no país.
Além disso, a Comissão deve promover a educação e a formação de especialistas no setor nuclear, incluindo o pessoal do órgão regulador estadual de segurança radiológica no país. Nesse sentido, será permitido o intercâmbio e a capacitação de recursos humanos na área de uso da energia atômica.
O cientista nicaraguense Ernesto Medina, ex-presidente da universidade e membro da Academia de Ciências da Nicarágua, disse à CNN que desde 1993 existe uma Comissão de Energia Atômica no país, como em vários países do mundo, que surgiu para ajudar as nações a gerenciar um tema que era novo. Medina, licenciado em química no seu país e com vários doutorados e pós-doutorados na Alemanha, Suécia e Espanha, acrescentou que na Nicarágua existe a utilização de energia ionizante na área da saúde, e as pessoas que utilizam essas instalações devem ter formação específica.
No entanto, segundo o acadêmico, autoexilado na Alemanha, o que consta no decreto é bastante genérico e pode implicar no poder de construir reatores nucleares para uso pacífico.
Fonte: CNN