INB planeja aumentar produção de fertilizantes no Brasil

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A invasão da Ucrânia pela Rússia já tem deixado até aqui um rastro de efeitos econômicos negativos pelo mundo afora. Olhando para o horizonte de curto e médio prazo, a guerra no leste europeu promete trazer novos e preocupantes rastros nocivos. Aqui no Brasil, uma das grandes preocupações gira em torno dos fertilizantes utilizados pela agricultura, que em grande parte são importados da Rússia. O governo tem olhado para ações de curto prazo para lidar com esse problema ao longo dos próximos meses, mas iniciativas estruturantes também estão no radar. É o caso do Projeto Santa Quitéria, no Ceará, que está sendo conduzido pelo consórcio formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e o grupo privado Galvani. Quando estiver em atividade, Santa Quitéria será capaz de produzir cerca de 1 milhão de toneladas de fosfato por ano, permitindo a fabricação de fertilizantes fosfatados de alto teor destinados à agricultura brasileira. Depois de alguns anos de espera, o empreendimento agora parece ter engatado a quinta marcha e caminha firme para sua concretização. É o que afirma o presidente da INB, Carlos Freire (foto), que conversou com o Petronotícias sobre os mais recentes avanços e o início de implementação da mina – previsto para este ano.

Mina de Itataia, em Santa Quitéria

O projeto vai muito bem, caminhando firme. Recentemente, a INB está tendo reuniões bastante proveitosas com o governo do Estado do Ceará, após os compromissos assumidos pela administração estadual em relação à infraestrutura. O estado está com tudo pronto para lançar as licitações para implantação de uma adutora que vai ligar o açude Edson Queiroz, sobre o leito do rio Groaíras, à unidade de produção em Santa Quitéria”, contou. O governo cearense também se comprometeu a viabilizar outras infraestruturas básicas, como  energia elétrica e acesso rodoviário, para que o investimento possa ocorrer. “É um compromisso firme do estado do Ceará, que não se afasta um milímetro disso”, acrescentou o presidente da INB.

Em números atualizados, o investimento no projeto será de R$ 2,3 bilhões, o que deve trazer uma melhoria de US$ 200 milhões na balança comercial brasileira, já que o país reduziria a importação dos produtos fosfatados e do concentrado de urânio. Como se sabe, o projeto de Santa Quitéria prevê a mineração na jazida de Itataia, onde o fosfato (que representa mais de 90% do volume de minério) e o urânio são encontrados de forma associada. A estimativa é que a mina possa produzir 230 mil toneladas por ano de urânio, o que seria suficiente para atender à demanda das usinas Angra 1, Angra 2 e da futura Angra 3. “É um projeto muito importante sob os dois pontos de vista: geração de energia e produtos fosfatados”, disse Freire.

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O presidente da INB reforça ainda que o empreendimento poderá atender, de forma muito segura, às demandas por fertilizantes das regiões Norte e Nordeste. Em virtude da expansão da fronteira agrícola, essas duas regiões se tornaram importantes mercados consumidores de fertilizantes, sendo atendidas exclusivamente com produtos importados. “A região Nordeste tem uma demanda de 25% dos fertilizantes em fosfato de cálcio, enquanto que a demanda da região Norte é de 50%. Poderemos atender a essas demandas, dando mais segurança aos nossos agricultores e pecuaristas dessas regiões”, disse o executivo.

Falando sobre o cronograma e os próximos passos, Carlos Freire disse que a INB espera consolidar neste ano o início das atividades de implantação do projeto de Santa Quitéria. Assim, seria possível iniciar a produção da jazida em meados de 2024. “Estamos brigando firme para isso e acreditamos que vamos conseguir”, projetou. O Estudo de Impactos Ambientais (EIA) do empreendimento já foi aprovado e agora a INB e a Galvani trabalham pela aceitação do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O processo de licenciamento deve ainda incluir a realização de audiências públicas e depois a expedição da licença prévia do projeto.

Santa Quitéria também fornecerá urânio para as usinas nucleares brasileiras

A guerra na Ucrânia acendeu um alerta vermelho no governo, dado que à medida que a economia da Rússia vai sendo castigada por sanções, o Brasil pode perder o seu principal fornecedor de fertilizantes. Na agricultura brasileira, os principais fertilizantes usados fazem parte da família “NPK” – uma referência às letras da tabela periódica que representam o nitrogênio, fosfato e potássio. No caso dos russos, eles são os maiores fornecedores de fertilizantes à base de potássio.

No caso de Santa Quitéria, o fosfato ficará com a Galvani, que irá utilizá-lo na fabricação de fertilizantes fosfatados e de alimentação animal, e o urânio será entregue à INB para produção do concentrado de urânio.  O projeto é visto como uma engrenagem fundamental na engenharia montada pelo governo para dar maior segurança ao país no abastecimento de fertilizantes.

Enquanto isso, o governo trabalha também com o Plano Nacional de Fertilizantes, que deve ser lançado ainda neste mês, de acordo com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Segundo a líder da pasta, o plano está sendo revisado nos ministérios da Economia e da Agricultura. Com a elaboração do Plano Nacional de Fertilizantes, o governo quer diminuir a dependência externa e ampliar a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.

Fonte: Petronotícias