Depois de permanecer um tempo fechado por conta da pandemia do novo coronavírus, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, reabriu na terça-feira (1º) com a estreia, para convidados, da exposição “Álvaro Alberto: o homem que sabia demais”. Nesta quarta-feira (2), a mostra abre para o público.

A iniciativa – que conta com patrocínio da Eletrobras – revê a trajetória e o legado de Álvaro Alberto da Mota e Silva (1889-1976), vice-almirante da Marinha que foi um dos pioneiros da energia nuclear no Brasil e cujo nome batiza a central nuclear de Angra dos Reis. Um de seus feitos foi implementar o Programa Nuclear Brasileiro.
Além disso, ele foi essencial para o desenvolvimento da área científica no país, tendo criado e sido o primeiro presidente do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), entidade federal de incentivo à pesquisa que atualmente se chama Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
A exposição está situada no segundo andar do Mast. A primeira parte apresenta uma linha do tempo que aborda a história da ciência no Brasil e a relaciona com os acontecimentos na vida de Álvaro Alberto. Já a segunda, fala sobre o desenvolvimento das pesquisas sobre energia nuclear no país, oferecendo uma experiência imersiva aos visitantes.
O público poderá conhecer em detalhes quem foi e qual o legado deixado por este pioneiro e grande entusiasta das pesquisas brasileiras sobre energia nuclear, representante do Brasil na Comissão de Energia Atômica da ONU, fundador do CNPq e de uma rede de instituições que, até hoje, formula e conduz as políticas de ciência, tecnologia e inovação do país.
Álvaro Alberto da Motta Silva (1889-1976) foi físico, engenheiro químico, professor, articulador político, presidente da Academia Brasileira de Ciências e da Sociedade Brasileira de Química, além de receber o título de Almirante por suas contribuições com as pesquisas científicas da Marinha. Astuto, habilidoso e criativo, ele abriu caminho para o uso pacífico da energia nuclear e criou o princípio da troca dos minerais raros do subsolo brasileiro por transferência de tecnologia com outros países. Seu legado é tão duradouro que o primeiro submarino nuclear brasileiro, em fase de construção, levará seu nome.
E se a biografia e os feitos de Álvaro Alberto já têm motivos de sobra para atrair o interesse do público, a maneira de contar essa história de forma imersiva e interativa, com direção criativa do estúdio SuperUber, que alia design, arte, arquitetura e tecnologia, levará aos visitantes uma experiência única. A exposição é dividida em três eixos, que abordam Biografia e História, Energia Nuclear e Legado Científico, de forma a apresentar a trajetória de Álvaro Alberto conectada à história da ciência no país.
Na chegada da exposição, que ocupará o segundo andar do prédio sede, uma peça rara: a ultracentrífuga, usada para enriquecimento de urânio. Com 2 toneladas e 2,80m de altura, chegou ao Brasil em 1956, após 3 anos de negociações secretas com o governo da Alemanha em um acordo de coorperação nuclear articulado por Álvaro Aberto. A sala da biografia irá reproduzir um gabinete de trabalho de Álvaro Alberto, com uma mesa digital que mostra seu lado criativo de caricaturista, poeta e pensador.

Em outro ambiente, um passeio no elevador interativo com a “presença” de Álvaro Alberto, que fará as vezes de ascensorista e levará o público a se “elevar” por diferentes espaços, envolvidos nas diferentes disciplinas e instituições da rede científica que o almirante ajudou a criar ou gerir: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT); e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Por último o visitante explora a maquete do submarino Álvaro Alberto, o primeiro com propulsão nuclear feito no país, que passará a integrar a Força Naval Brasileira e tem previsão de lançamento em 2034, seguida de uma sala imersiva e interativa sobre o universo da Marinha.
“Esta exposição apresenta para as novas gerações a versatilidade e coerência de um defensor do desenvolvimento científico e tecnológico, e inspirador de um Brasil próspero. Ela apresenta para as novas gerações um legado que nos ensina, até hoje, a importância de investir no potencial humano”, diz Liana Brazil, diretora criativa da exposição, junto com o curador Marcello Dantas, e co-fundadora da SuperUber.
O Mast fica na Rua General Bruce 586, em São Cristóvão. A mostra vai até 1º de julho. O museu funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. No sábado, o horário é das 14h às 19h. Por fim, no domingo e nos feriados, é das 14h às 18h. A entrada é gratuita.
Com informações de Eletrobras e DefesaNet