O Projeto Perspectivas 2022 discutiu também o mercado de medicina nuclear. Trata-se de um setor presente na vida de muitos brasileiros, que usufruem dos diagnósticos e tratamentos proporcionados por essa importante especialidade médica. O mercado de medicina nuclear ainda enfrenta muitos desafios, mas já coleciona alguns avanços importantes. É o que afirma a executiva chefe da Uddo Diagnósticos Médicos, Beatriz Leme.
A especialista revela que o setor teve um crescimento importante de 10% em 2021, o que é um dado relevante. Ainda assim, o resultado do ano ficou 20% menor na comparação com 2019 – antes do início da pandemia de covid-19. Para 2022, Beatriz tem boas expectativas, especialmente com as recentes mudanças regulatórias realizadas no segmento. A executiva também está à espera da aprovação da flexibilização do monopólio da União na produção dos radiofármacos. “Se essa flexibilização for efetivamente confirmada, será uma grande abertura para o segmento”, afirmou.
– Como foi o ano de 2021 para a medicina nuclear no Brasil?
Em relação ao mercado de medicina nuclear em 2021, aconteceu uma recuperação de 10% em comparação com 2020, levando em consideração tanto a saúde suplementar quanto a saúde pública. Os números confirmam esse percentual. Ainda assim, o resultado do ano ficou 20% abaixo na comparação com 2019, antes da pandemia.
O setor experimentou ainda um aspecto muito desagradável em relação aos aumentos de custos. Houve uma inflação em todos os contratos e isso reduziu a margem do segmento, especialmente devido ao fato de que os preços pagos pela saúde pública não são reajustados desde 2009. Então, criou-se um prejuízo ainda maior. Enquanto isso, na saúde complementar, existe todo um critério muito rígido na recuperação de valores quando falamos dos convênios de saúde. Não é tão fácil fazer esse trabalho de reajuste de contratos. A parte de material radioativo não foi reajustada. Existe uma tabela, chamada UR, que remunera os radiofármacos. Essa tabela é editada pelo Brasíndice e em 2021 os seus valores não foram alterados.
Em 2021, a medicina nuclear parecia ser um mercado que entraria em recuperação. Entretanto, pela falta de material e o problema que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) passaram durante o ano, houve um certo prejuízo em relação aos atendimentos dos pacientes em cintilografias e tratamento de tireoide.
Na parte de PET, o desempenho foi razoável, com um atendimento majoritário. Foi um mercado que passou pelo período sem solavancos, com certa recuperação mais elevada em relação às cintilografias.
– Se fosse consultada, o que iria sugerir para o governo e o Congresso melhorarem a nossa economia e dar mais força ao setor de medicina nuclear?
Ainda não houve a quebra do monopólio na produção de radiofármacos com meia-vida acima de duas horas. Isso está em vias de ser aprovado. Se essa flexibilização for efetivamente confirmada, será uma grande abertura para o segmento. Em relação à economia, de forma geral, pelo fato deste ano ser um ano eleitoral, fico sem sugestões para o atual governo. E também fico na torcida para que o país saiba fazer a escolha certa nas urnas, para que possamos melhorar o aspecto econômico de uma forma geral.
– Quais são as suas perspectivas e da medicina nuclear brasileira para 2022?
A expectativa é muito boa. Muitas coisas aconteceram recentemente nesse mercado. Houve, por exemplo, o anúncio de que a Eckert & Ziegler adquiriu 100% das ações da empresa argentina Tecnonuclear. Isso aumentará as possibilidades de material no Brasil.
Aconteceu também uma flexibilização da Anvisa em relação à importação de materiais. Isso foi muito bom e trará reflexos em 2022. Houve ainda a liberação para importação de equipamentos já usados. Isso ajudará muito a medicina nuclear, porque temos pouquíssimos fornecedores e o nosso equipamento tem um custo bastante elevado. Levando em conta esses aspectos, será um ano muito bom.
Fonte: Petronotícias