O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na terça-feira (09) que a França vai construir novos reatores nucleares para diminuir sua dependência de países estrangeiros no fornecimento de energia, alcançar suas metas contra o aquecimento global e manter os preços da energia sob controle.
A cinco meses da eleição presidencial, o preço da energia é uma das principais preocupações dos eleitores franceses. Macron afirmou que a decisão a favor de novos reatores é essencial para manter o preço num nível “razoável”.
Ele acrescentou que, em paralelo, o país continuará investindo no desenvolvimento de energias renováveis para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
“Nós vamos, pela primeira vez em décadas, relançar a construção de reatores nucleares no nosso país e continuar a desenvolver as energias renováveis”, anunciou o presidente em cadeia de rádio e televisão.
Enquanto a Europa enfrente altas nos preços de energia, a França adota um caminho diferente de vizinhos. A Alemanha, por exemplo, reagiu ao desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, acelerando os planos do país para o abandono da energia nuclear.
Planos para seis novos reatores
Macron não detalhou os planos, mas analistas esperam que o governo anuncie a construção de até seis novos reatores de água pressurizada nas próximas semanas. Planos nesse sentido foram apresentados ao governo pela empresa estatal EDF há algumas semanas. O custo estimado é de 46 bilhões de euros.
O governo havia anteriormente anunciado que não daria início a nenhum novo projeto de reator do tipo EPR, ou reator de água pressurizada de terceira geração, até a EDF concluir a unidade nuclear de Flamanville, na Normandia, abalada por atrasos e custos além do previsto.
Mas a recente alta dos preços da energia na Europa levou o governo a rever seus planos. Macron já havia anunciado anteriormente que, mais adiante, apostará também na tecnologia de minirreatores nucleares.
Guinada para Macron
O Greenpeace criticou o anúncio de Macron e afirmou que ele está “totalmente desconectado da realidade”, lembrando que a energia nuclear é cara e perigosa.
A decisão é também uma guinada para Macron, que, quando assumiu, defendeu reduzir a participação da energia nuclear no mix energético da França de 75% para 50% até 2035.
A eleição presidencial na França está marcada para 10 e 24 de abril de 2022, em dois turnos, e Macron ainda não declarou se é ou não candidato à sua própria sucessão, apesar de isso ser dado como certo.