Após diversas indefinições, a fonte nuclear oferece boas perspectiva ao Brasil, para os próximos anos. Na última quarta-feira, durante o Nuclear Legacy, o presidente da Associação Brasileira para a Atividade Nuclear apresentou o Plano Nacional de Expansão e o Plano Nacional de Energia, que trazem novas plantas e a adição de até 10 GW na matriz energética brasileira. Além disso, o ponto discutido no evento foi a retomada das obras da Usina Nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. Desde 2015, as obras estavam paralisadas devido a falta de recursos do Governo Federal.
Outro ponto que trouxe boas previsões foram os Pequenos Reatores Modulares ou Small Modular Reactors (SMRs), que visam proporcionar novos horizontes para a fonte nuclear brasileira. No evento, o presidente da Abdan apontou a necessidade da mina de Santa Quitéria sair do papel, para ser uma nova fonte de urânio brasileira.
A construção da mina é uma parceria entre as Indústrias Nucleares do Brasil com a Galvani – Fosnor Fertilizantes Fosfatados do Norte-Nordeste S. No entanto, ela ainda está no processo de licenciamento. Na prática, a parceria pretende explorar urânio e fosfato, encontrados na jazida de Itatiaia, na cidade de Santa Quitéria.
Durante o evento, Leonam Guimarães, ex-presidente da Eletronuclear, trouxe uma discussão sobre a central nuclear ucraniana de Zaporizhia. Após a invasão da Rússia no país, o comando das tropas invasoras chegou a entrar na central, que está em estado apreensivo.
Conforme Guimarães, caso ocorra algum tipo de incidente na usina, isso refletirá negativamente nos projetos globais de descarbonização.
Além disso, ele também aponta que será uma grande tarefa caso a fonte consiga manter o atual potencial de participação na matriz global, cerca de 2%. No entanto, o aumento desse percentual dependerá da aceitação pública das fontes nucleares.
Novo governo deverá ter a energia nuclear como um tema importante
Com as novas adições energéticas, o valor pode crescer para 5% ou 8%. Para Guimarães, o Brasil ainda não será como a França, que conta com parte expressiva de sua matriz formada por energia nuclear, especialmente devido a uma decisão para garantir a segurança energética.
Durante o evento, o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, afirmou que a entrada do capital privado no setor nuclear será um tema delicado e visitado pelo governo que assumirá o país em 2023.
Para isso, um dos indicados para atuar na equipe de transição do governo, os projetos nucleares ainda não foram desenvolvidos pela falta de investimentos, impactando a visão do planejador. Dessa forma, ele acredita ser necessário um bom planejamento, para o projeto não ser paralisado por falta de verbas.
Além disso, ele também citou algumas entraves que as usinas nucleares enfrentam, como o tempo de construção, algo bastante criativo para o planejador; além do preço do megawatt/hora, que costuma ser superior a de outras fontes energéticas.
Por fim, os SMRs foram lembrados por ele como algo que pode ser interrompido, mas que ainda necessita ser mais estudado. Sendo assim, a partir dessa nova tecnologia, o Brasil não partiria do zero, pois utilizaria o conhecimento adquirido com a Central Nuclear de Angra.
Fonte: Click Petróleo e Gás