Pequenos reatores nucleares, os SMRs, podem revolucionar a produção de energia

Energia nuclear é considerada uma forma eficiente que pode ser relativamente limpa de produzir energia. No entanto, isso não significa que seja uma alternativa simples, já que grandes usinas são extremamente caras e perigosas, fazendo com que a dependência a esse tipo de energia tenha diminuído nas últimas décadas. É nesse contexto que reatores menores estão sendo desenvolvidos, os chamados SMRs, mas apesar de promissores, os riscos ainda persistem.

Um desses projetos é comandado pela Rolls-Royce SMR, derivada da tradicional fabricante de automóveis britânica. A empresa está criando pequenos reatores modulares, muito menores e mais baratos do que as usinas gigantes usadas atualmente. No contexto da guerra da Ucrânia, em que países europeus buscam diminuir a dependência do gás natural russo, a demanda por esse tipo de energia aumentou.

A empresa já assinou acordos com diversos países europeus. No entanto, isso não significa que os SMRs estão perto de entrar em funcionamento. O desenvolvimento ainda deve levar mais alguns bons anos e existe uma série de regulamentações que precisam ser seguidas para o sistema começar a funcionar. 

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De acordo com a empresa, o novo modelo se afasta do tradicional que envolve construções gigantes e caras. Cerca de 90% de toda a usina é construída em fábrica, o que ajuda a manter a segurança e evitar o descarte irregular de resíduos. 

Quando ficar pronta, “uma usina Rolls-Royce SMR terá capacidade para gerar 470 mw de energia de baixo carbono, equivalente a mais de 150 turbinas eólicas terrestres. Ele fornecerá geração de carga de base consistente por pelo menos 60 anos, ajudando a apoiar a implantação da geração renovável”.

Um modelo de uma instalação de Reator Modular Pequeno que a Rolls-Royce SMR espera ter operacional até o final da década (Imagem: Divulgação/Rolls-Royce SMR)

Como funcionam os SMRs?

Alguns modelos são basicamente reatores de água pressurizada idênticos a cerca de 400 reatores em todo o mundo, mas em uma escala menor, com cerca de um décimo do tamanho. No entanto, existem outras versões que, ao invés de água, usam sódio, chumbo e outros elementos.

“É como construir Lego”, disse Dan Gould, porta-voz da empresa. “Construir em menor escala reduz os riscos e o torna um projeto mais passível de investimento”, completou ainda.

Já em relação aos custos, os SMRs da Rolls-Royce custam cerca de US$ 3,2 bilhões cada unidade, isso é bem menos do que o valor estimado entre US$ 6 a US$ 9 bilhões para os modelos atuais. Sobre o tempo de construção, o projeto prevê cinco anos para cada usina, dois anos a menos do que o formato tradicional.

Apesar disso, nem tudo são flores. Um estudo recente da NuScale Power indica que SMRs que utilizem métodos de refrigeração alternativos à água devem produzir mais resíduos do que um tradicional. Além disso, apesar do custo mais baixo, a produção energética menor pode afastar potenciais compradores. No entanto, esses fatores devem ficar mais claros na medida em que os projetos tenham seu desenvolvimento aprimorado.

Fonte: Olhar Digital