Nova gestão da Amazul quer participar de mais projetos nucleares

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A Amazul entrou em uma nova fase. Depois dos bons resultados alcançados durante a gestão do vice-almirante Antonio Carlos Soares Guerreiro, a empresa agora está sob o comando do vice-almirante Newton de Almeida Costa Neto (foto). Em entrevista ao Petronotícias, o novo diretor-presidente da companhia falou sobre os projetos e próximos planos da estatal. Segundo ele, o principal desafio da Amazul será a prestação de apoio na construção do submarino convencional com propulsão nuclear. Contudo, Costa Neto acrescenta que o planejamento inclui ainda aumentar a presença da empresa em projetos no Programa Nuclear Brasileiro para produção de radiofármacos e geração de energia limpa. A Amazul também está assumindo mais responsabilidades no Programa Nuclear da Marinha, principalmente na construção do LABGENE – protótipo, em terra, do sistema de propulsão do submarino nuclear. “Em 2021, a Amazul assinou contratos com empresas francesas para a prestação de serviços técnicos especializados e a análise de maturidade dos projetos de prédios e sistemas pertencentes ao LABGENE. Com isso, iniciou-se a fase de gestão compartilhada dos contratos com a Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha”, contou. O diretor-presidente da estatal falou ainda da atuação na central nuclear de Angra dos Reis (RJ), das tratativas para a criação de centros de irradiação no Brasil e do papel da tecnologia nuclear para o desenvolvimento energético e tecnológico do Brasil nos próximos anos.

Para começar nossa entrevista, gostaria que falasse aos nossos leitores quais serão as prioridades de sua gestão à frente da Amazul.

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Nossa prioridade é ampliar, cada vez mais, a atuação da Amazul no Programa Nuclear da Marinha (PNM), no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e no Programa Nuclear Brasileiro (PNB). A principal missão da empresa é apoiar a construção do submarino convencional com propulsão nuclear, cuja finalidade é garantir a segurança nacional, a soberania brasileira no território marítimo e a proteção de nossas riquezas no mar.  Mas a Amazul também tem o propósito de aumentar a participação em projetos no PNB, principalmente em parcerias com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), para a produção de radiofármacos e o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro; e com as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e a Eletronuclear, para o incremento da geração de energia limpa. Em resumo, a Amazul busca atuar em projetos que gerem benefícios para a sociedade.

Outra prioridade é melhorar de forma contínua a gestão e fortalecer a governança da empresa.

Agora, falando dos projetos da empresa, poderia trazer uma atualização da participação da Amazul no Bloco 40 do Labgene?

A cada ano, a Amazul vem assumindo mais responsabilidades no PNM, principalmente na construção do LABGENE – Laboratório de Geração Nucleo-Elétrica, que é o protótipo, em terra, do sistema de propulsão do submarino convencional com propulsão nuclear. Em 2021, a Amazul assinou contratos com empresas francesas para a prestação de serviços técnicos especializados e a análise de maturidade dos projetos de prédios e sistemas pertencentes ao LABGENE. Com isso, iniciou-se a fase de gestão compartilhada dos contratos com a Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha. Especificamente em relação ao Bloco 40, a Amazul tem contratos com a Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep) para a fabricação e montagem de estruturas que abrigarão o reator nuclear no Labgene. Com a Itaguaí Construções Navais (ICN), a empresa tem contrato para a montagem de sistemas eletromecânicos no Labgene.

Seria interessante ouvir também sobre os avanços no desenvolvimento do Sistema Nuclear de Geração de Vapor do Submarino Convencional com Propulsão Nuclear.

LABGENE

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Em relação ao PROSUB, a Amazul contribui para o ganho de maturidade técnica do projeto da Planta Nuclear Embarcada do submarino convencional com propulsão nuclear, no qual está incluído o Sistema Nuclear de Geração de Vapor, por meio da gestão de contratos e a capacitação de pessoal. Uma grande quantidade de empregados da Amazul está trabalhando diretamente nesse projeto.

Poderia falar também sobre as tratativas para a criação de centros de irradiação no Brasil para esterilização de produtos de diversos setores?

As tratativas continuam, principalmente com o Ministério da Agricultura e com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que tem conhecimento, domínio tecnológico e expertise no assunto. Os empreendimentos nucleares geralmente tem um período mais longo de maturação e desenvolvimento.

A retomada das obras de Angra 3 está cada vez mais perto e gostaria de ouvir de que forma a Amazul pretende participar deste importante empreendimento.

Angra 3 é um projeto administrado pela Eletronuclear e deveremos ter uma participação ativa nesse empreendimento. No momento, nossa parceria com a Eletronuclear está sendo fortalecida, estamos trabalhando em Angra I e devemos ampliar nossa participação em outros projetos de Angra, aumentando a capacitação da empresa para atuar no setor nuclear.

O setor nuclear mundial está colocando muito esforço para o desenvolvimento dos chamados SMRs. Como esse tema está sendo trabalhado dentro da Amazul?

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Na realidade, o reator que a Marinha está desenvolvendo em Iperó com a participação da Amazul e que vai equipar o submarino convencional com propulsão nuclear é um verdadeiro protótipo de small modular reactor, com tecnologia totalmente nacional. A tecnologia desenvolvida para este reator poderá ter emprego dual, tanto para a propulsão naval quanto para a geração de energia elétrica. Esse tipo de reator tem enorme potencial para ser usado em pequena usinas, em regiões remotas do País, por exemplo. A Amazul tem pessoal capacitado para participar ativamente desse projeto.

Ao seu ver, qual será o papel da tecnologia nuclear para o desenvolvimento energético e tecnológico do Brasil nos próximos anos?

A Guerra na Ucrânia, que está provocando forte impacto no abastecimento de combustíveis na Europa e em outros países, vem reforçar a evidência do potencial da tecnologia nuclear como matriz de energia limpa, segura, a custos competitivos e capaz de aumentar a independência energética dos países, inclusive do Brasil. Além disso, a energia nuclear está alinhada às iniciativas de descarbonização do Planeta, pois é uma fonte energética que não emite gás de efeito estufa. Por estes e outros motivos, o governo federal tem tomado iniciativas para aumentar a participação da energia nuclear em nossa matriz. Acreditamos que os investimentos na energia nuclear devam aumentar nos próximos anos.

A tecnologia nuclear tem também muitas outras aplicações, como na saúde, na agricultura, na proteção do meio ambiente e na indústria, além de provocar expressivo arrasto tecnológico. Um exemplo é o conhecimento tecnológico aplicado pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo na fabricação ultracentrífugas, usadas para o enriquecimento de urânio que abastece as usinas nucleares, no desenvolvimento de um motor do Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV), dispositivo que ajuda a bombear o sangue para o coração de pacientes com insuficiência cardíaca que estão à espera de transplante. A Amazul e o Instituto do Coração (Incor) estão acertando uma parceria para o desenvolvimento do motor do DAV.

Fonte: Petronotícias