O governo federal ampliou o prazo de funcionamento do comitê que estuda a implementação da usina nuclear Angra 3, no litoral fluminense. O governo afirmou que os estudos feitos pelo BNDES levaram mais tempo do que o esperado para serem finalizados, e agora é preciso ampliar o prazo por mais 240 dias para analisar as informações fornecidas.
A usina, localizada em Angra dos Reis, foi alvo de um esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato e já consumiu investimentos de cerca de R$ 8 bilhões, tendo apenas 65% das obras físicas concluídas. Mais R$ 17 bilhões estão previstos para finalizar o empreendimento.
Em 20 de maio do ano passado, a retomada da construção precisou ser adiada por conta de um novo aumento de custos, desta vez a alta nos preços de matérias-primas essenciais para a construção civil. A construção dos prédios era estimada em R$ 305 milhões, mas uma nova previsão elevou o montante a R$ 340 milhões.
Em fevereiro deste ano, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, chegou a afirmar que a empresa russa Rosatom poderia integrar um consórcio para a conclusão da usina nuclear. As obras enfrentam problemas desde 2015.
Subsidária da Eletrobras que não foi privatizada, a Eletronuclear assinou na semana passada o contrato de retomada das obras do consórcio formado pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz, que venceu a licitação para a conclusão de Angra 3 no ano passado. Os principais serviços previstos para a nova fase da obra são a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator; o fechamento da esfera de aço da contenção; e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico.
Segundo a Eletrobras, ainda será realizada outra licitação, ainda este ano, para a contratação da empresa ou consórcio que irá finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina.
A usina de Angra 3 terá capacidade instalada de 1,4 gigawatt (GW). O estágio atual da obra é 65% concluída. A construção custou, até agora, R$ 7,8 bilhões e, segundo a Eletrobras, são previstos mais R$ 17 bilhões até que ela seja finalizada, em 2026.
Projeto militar
Com início da operação previsto para 2027, Angra 3 vai quase dobrar a capacidade instalada de fonte de geração de energia nuclear no país, atualmente de 2 GW, referentes às usinas de Angra 1 e 2.
Angra 3 é um projeto do governo militar, e começou a ser construída em1984. As obras prosseguiram até 1986, quando foram paralisadas devido a dificuldades políticas e econômicas. O projeto ficou engavetado por 25 anos, até ser retomado em 2009 como um dos destaques do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometia colocar a usina para funcionar em 2014. Investigações realizadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato descobriram desvios de recursos na obra que resultaram na prisão de executivos da Eletronuclear.
Desde 2015, com as denúncias de corrupção e a crise nas contas públicas, as obras estão enfrentando problemas.
Fonte: O Globo