A declaração do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, falando que eventual fracasso em privatizar a Eletrobrás pode inviabilizar o projeto de Angra 3, parece coisa de doido. Um jogo de pelada sem camisa onde o juiz não sabe quem chuta para que lado. Ele disse isso no evento “Diálogo Público: Modelo de Capitalização da Eletrobrás,” que foi promovido pelo TCU: “A empresa e a sociedade brasileira talvez tenham que arcar com os custos de fechamento de Angra 3”. O país já gastou uma fortuna para deixar de pé novamente o projeto de Angra 3, que foi muito prejudicado pelo desvios apurados na Operação Lava Jato. Tudo foi refeito, o projeto foi colocado redesenhado, centenas de pessoas envolvidas, realizada uma licitação para a escolha da empresa que terminará a obra civil e agora, nessa altura do campeonato, uma declaração destas?
O presidente do BNDES não leva em consideração nem o custo que seria para fazer o descomissionamento de Angra 3, possivelmente muito maior do que o da conclusão da usina. Esta discussão já foi feita e os custos foram levantados quando o empreendimento teve as obras paralisadas. Para Montezano, uma “eventual frustração com o atual processo de venda do controle da Eletrobrás também poderia prejudicar o repasse de recursos para o fundo CDE, esperado para dar um alívio nas tarifas, inviabilizaria investimentos obrigatórios previsto na operação e ainda prejudicaria a renovação da concessão da hidrelétrica de Tucuruí, um dos principais ativos de geração da Eletrobrás, em operação no rio Tocantins.”
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também participou do evento promovido pelo TCU, voltou a defender a privatização da Eletrobrás. “O setor energético está passando por mudanças cada vez mais rápidas advindas das transformações tecnológicas, da digitalização e de um mundo de novos negócios. Estamos falando do futuro da maior empresa de energia renovável da América Latina. A capitalização tem como finalidade permitir a expansão da capacidade de investimento da companhia e torná-la uma competidora relevante no setor elétrico”.
A Eletrobrás tem até o dia 13 de maio deste ano para concluir a operação de venda de controle da União e assim não colocar a operação em risco ao deixar para o segundo semestre. Antes disso, três etapas deverão ser cumpridas: aprovação dos estudos pelo TCU, aprovação das contas e a publicação do Formulário 20F, exigido pela SEC — órgão regulador do mercado de capitais nos EUA. No evento, os especialistas convergiram para o entendimento de que o interesse seria reduzido se a operação ficar para o para o segundo semestre.
Fonte: Petronotícias