A França anunciou planos para construir até 14 novos reatores nucleares em um movimento que pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fornecer uma proteção para frear a volatilidade dos preços da energia do país.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse na quinta-feira (10), que a França construirá seis reatores nucleares e estudará a possibilidade de comissionar mais oito.
“Dadas as necessidades de eletricidade, a necessidade de antecipar a transição e o fim da frota de veículos existente, que não pode ser estendida indefinidamente, vamos lançar um programa de novos reatores nucleares”, disse Macron.
A construção deve começar em 2028 e o primeiro novo reator poderá ser comissionado até 2035. A investida mais profunda na energia nuclear marca uma guinada de política para Macron, que prometeu há quatro anos fechar 12 reatores nucleares como parte de um afastamento da energia nuclear.
A França foi forçada a recorrer à energia do carvão neste inverno para atender às suas necessidades depois que mais de um quinto dos reatores do território ficaram inoperantes. O país não foi o único da Europa a enfrentar dificuldades neste inverno, já que os preços do gás no atacado atingiram níveis recordes, elevando as contas de aquecimento para as residências em todo o continente.
Consumidores com dificuldades financeiras receberam pagamentos e subsídios do governo francês para ajudar a custear os gastos.
Barbara Pompili, ministra de Transição Energética da França, disse que a mudança na política nuclear é necessária devido a uma “aceleração” da situação energética “sem precedentes”. “Para ter mais eletricidade, precisamos produzir mais”, disse Pompili à BFMTV, afiliada da CNN.
“Mesmo que desenvolvamos muito nossas energias renováveis, temos um setor nuclear que constitui 70% do nosso fornecimento de eletricidade, temos que usar esse setor o máximo possível”, acrescentou Pompili.
Preocupações climáticas
A energia nuclear é uma fonte de energia de baixo carbono. No entanto, as usinas nucleares são mais caras para serem construídas, e a construção tende a ultrapassar o orçamento e o tempo previstos. O armazenamento com segurança dos resíduos radioativos produzidos é outro desafio.
Apesar dessas limitações, alguns analistas argumentam que a tecnologia tem um grande papel a desempenhar na abordagem das mudanças climáticas.
A Agência Internacional de Energia (AIE) diz que a geração de energia nuclear deve mais que dobrar entre 2020 e 2050 na busca por zerar emissões de gases poluentes. Sua participação no mix de eletricidade cairá, mas isso ocorre porque a demanda por energia aumentará à medida que o mundo eletrificar o maior número possível de máquinas, incluindo carros e outros veículos.
A Comissão Europeia foi criticada no início deste mês quando apresentou uma proposta para designar fontes de energia “sustentáveis” de gás natural e energia nuclear.
A inclusão das fontes de energia na lista verde da UE poderia desencadear uma onda de investimentos privados em novos projetos nucleares e de gás. Mas os planos são criticados por ativistas e ainda podem ser bloqueados pelos legisladores europeus, que também estão profundamente divididos sobre a questão em níveis nacionais e políticas.
A União Europeia (UE) tem como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% em relação aos níveis de 1990 até 2030 e se tornar uma economia de emissão zero até 2050. O zero líquido é onde as emissões são drasticamente reduzidas e as que permanecem são compensadas, seja usando métodos naturais como plantio de árvores ou tecnologia para “capturar” as emissões.
Fonte: CNN Brasil