Representantes da CNEN visitaram na última semana o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde está alocado o Experimento Tokamak Esférico (ETE). O objetivo foi estar mais uma vez nas instalações, com foco no ETE, seus diagnósticos e subsistemas, nas dependências da Coordenação de Pesquisa Aplicada e Desenvolvimento Tecnológico do INPE (COPDT). As instalações atuais do ETE funcionam provisoriamente como sede do Laboratório de Fusão Nuclear (LFN), da CNEN, a ser definitivamente instalado em Iperó, na região de Sorocaba no estado de São Paulo, em sinergia com o empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro.
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Na oportunidade, os representantes da CNEN foram recebidos pela Diretora Substituta do INPE, Mônica Rocha, e pelo Coordenador do COPDT, Rafael Duarte Coelho dos Santos. Também participaram Júlio Guimarães Ferreira, Maria Célia Ramos de Andrade e Gerson Otto Ludwig, que conduzem as atividades de fusão no INPE, além de Gustavo Paganini Canal, professor do Laboratório de Plasma do Instituto de Física da USP, onde se encontra o tokamak TCABR.
O encontro foi uma oportunidade para esclarecimentos técnicos sobre o empreendimento e sobre os esforços que vêm sendo feitos para a reativação da Rede Nacional de Fusão – RNF, que deve funcionar sob Coordenação da CNEN, que incluiu a submissão de um Programa Nacional de Fusão Nuclear – PNFN ao Ministério de Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), ao longo de 2021.
Na visita, o presidente da comissão, Paulo Roberto Pertusi, destacou a importância do PNFN para o Brasil, bem como a necessidade de viabilizar a construção do LFN em Iperó. Gustavo Canal salientou que importantes áreas serão impactadas pelos avanços tecnológicos trazidos pela fusão nuclear, sobretudo no uso de supercondutores, a serem utilizados na concepção da nova máquina do LFN. Isso poderá alavancar a indústria e o comércio do setor, além de terem aplicações na concepção de usinas eólicas, motores navais e equipamentos de ressonância magnética nuclear voltados à área da saúde.
A pesquisa em fusão nuclear traz impacto para o desenvolvimento de fontes de potência de alto desempenho com aplicações em áreas de transporte voltadas, por exemplo, à produção de motores para locomotivas elétricas, bem como para a produção de excitatrizes e geradores elétricos a serem utilizados na geração de energia. Futuros reatores à fusão também impulsionam o desenvolvimento de materiais resistentes a altas temperaturas e elevados fluxos de calor e radiação com aplicações no setor aeroespacial, fissão nuclear etc.
Pilares do Programa
Na reunião, Júlio Ferreira explicou o desenvolvimento das atividades de Fusão Nuclear no INPE a partir da década de 1980, que resultaram no projeto e construção do Experimento Tokamak Esférico, totalmente desenvolvidos no INPE sob a Coordenação de pesquisador Gerson Ludwig. Ao longo da visita, também foi destacada a participação da CNEN, sob a coordenação de Orlando João Agostinho Gonçalves Filho, e que também conta com a participação dos pesquisadores Ricardo Magnus Osório Galvão e José Helder Facundo Severo por parte da USP, além dos pesquisadores do INPE. A fusão nuclear tem hoje como principal foco mundial o experimento ITER, na França, em que sete países estão consorciados, buscando efetivamente o ganho que viabilizará a eficiência do processo: um dispêndio energético que propicie as altíssimas temperaturas necessárias, mas com geração de energia superior ao montante empregado.
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Na reunião, Gustavo Canal também relatou as premissas do PNFN, cujas atividades de curto e médio prazos concentram-se em três pilares principais: o aprimoramento do Experimento Tokamak Esférico-ETE; uma atualização importante para o TCABR, e a prospecção e concepção da futura máquina a ser instalada no LFN numa escala temporal de médio prazo. Além disso, foi citada a realização do I Seminário de Fusão Nuclear, coordenado por Orlando Gonçalves, realizado remotamente em agosto de 2021, com a presença de inúmeros pesquisadores, técnicos, além do Secretário Executivo do MCTI, do Presidente da CNEN, e do Diretor da DPD. No Seminário foram apresentadas à comunidade de fusão e áreas correlatas as iniciativas empreendidas pela CNEN na condução das atividades de fusão nuclear no País, solicitando a participação da comunidade científica na implementação do PNFN.
Fonte: CNEN