O Projeto Perspectivas 2022 recebeu o diretor da ROSATOM na América Latina, Ivan Dybov. A empresa russa soube chegar ao Brasil. De forma discreta, mostrou seu vasto conhecimento na área nuclear, seja para geração de energia, na agricultura ou na medicina nuclear, já contribuindo com o Brasil nesses segmentos. A ROSATOM é uma das maiores e mais importantes companhias especializadas em tecnologia nuclear do mundo. Ela está presente em diversos países construindo novas usinas de geração de energia ou emprestando a sua tecnologia em determinados segmentos. A partir da base no Brasil, ela atende a inúmeros projetos. Na América Latina, o maior deles é na Bolívia, onde estão construindo maior projeto da companhia por aqui – o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CPDTN), em El Alto. Para Dybov, há inúmeras perspectivas no Brasil, principalmente com a retomada de Angra 3, a construção de novas usinas e o programa que está sendo desenhado para a instalação de pequenos reatores modulares. “Esperamos novos passos do Brasil para o desenvolvimento do programa nuclear, anúncio de licitações para os serviços no âmbito de conclusão da construção da Angra 3 e, possivelmente, a especificação de detalhes sobre o modelo de construção de novas usinas no Brasil, incluindo pequenas centrais nucleares baseadas em reatores modulares pequenos”, afirmou. Vamos, então, saber as opiniões do diretor da estatal russa ROSATOM:
1 – Como foi o ano de 2021 para o senhor e a sua empresa?
Em geral, podemos dizer que 2021 foi bem sucedido para a Corporação Estatal ROSATOM na América Latina. Estamos vendo que a vida está voltando ao normal, a atividade econômica voltou a crescer e os negócios começaram a se recuperar. Percebemos isso, em particular, pelo fato de muitos projetos que foram suspensos por conta da situação com a covid-19 estarem ganhando nova vida. Nós continuamos nossa cooperação com o Brasil no fornecimento de produtos isotópicos para fins médicos e industriais.
Um dos eventos-chave para nós este ano foi o início de uma nova fase do projeto de construção do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CPDTN) em El Alto, Bolívia, que estamos implementando em parceria com a Agência Boliviana de Energia Nuclear (ABEN). No final de julho, realizamos a cerimônia do derrame do primeiro concreto, dando início à construção do complexo do reator de pesquisa, o coração do CPDTN. Planejamos entregar o projeto até 2024.
O CPDTN é o maior projeto da ROSATOM na América Latina na área de altas tecnologias e a referência de um centro integrado de ciência e tecnologia nuclear no exterior, que agora oferecemos aos nossos parceiros para solucionar problemas econômicos e melhorar o bem-estar de cidadãos. As ferramentas do centro ajudam a alcançar muitos dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Por exemplo, a medicina nuclear ajuda a salvar vidas e as tecnologias de radiação para a agricultura permitem garantir a segurança alimentar e aumentar a produção agrícola, resolvendo assim o problema da escassez de alimentos.
No México, continuamos fornecendo os serviços de enriquecimento de urânio para a única usina nuclear do país, Laguna Verde. Além disso, em 2021 ganhamos novos parceiros na região. Em junho, a ROSATOM assinou um memorando de entendimento com a Comissão de Energia Atômica da Costa Rica; e em outubro assinamos um memorando com o Parlamento Centro-Americano (PARLACEN). Esses acordos estabelecem a base para a interação no campo do uso pacífico da energia nuclear. Também, em setembro, assinamos um memorando de entendimento com a empresa pública brasileira Eletronuclear, que abre novos horizontes de cooperação.
2 – O que sugere para o governo melhorar a nossa economia e dar mais força aos setores de petróleo, gás, energia e logística?
A ROSATOM não utiliza a prática de dar conselhos aos governos e empresas estatais. Ao mesmo tempo, gostaria de destacar o trabalho consistente e bem-sucedido do governo brasileiro, em particular, do Ministério de Minas e Energia, da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e das empresas estatais locais destinadas a promover o desenvolvimento do setor.
Ao longo deste ano, aconteceram diversos eventos importantes que criaram novas perspectivas para o crescimento do setor de energia nuclear e extensão da cooperação com as empresas brasileiras desta indústria. Em particular, medidas concretas foram tomadas para organizar a conclusão da construção da usina Angra 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). Nesse contexto, o Ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, anunciou no início de novembro que o próximo Plano Decenal de Energia (PNE 2031) indicará a construção de uma nova usina nuclear no país, o que foi um sinal muito positivo para o mercado.
O anúncio feito pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, soou como música para os ouvidos do mercado. Além disso, o governo anunciou sua disponibilidade para utilizar os mais modernos modelos de negócios para implementar os projetos de construção de usinas nucleares, o que também é um sinal positivo.
3 – Quais são as perspectivas para a sua empresa para o ano de 2022?
Usina Nuclear Flutuante
Esperamos novos passos do Brasil para o desenvolvimento do programa nuclear, anúncio de licitações para os serviços no âmbito de conclusão da construção de Angra 3 e, possivelmente, a especificação de detalhes sobre o modelo de construção de novas usinas no Brasil, incluindo pequenas centrais nucleares baseadas em reatores modulares pequenos (small modular reactors ou SMRs, em inglês).
Também esperamos que, em um futuro próximo, nossa parceria com o Brasil no campo da medicina nuclear e do ciclo de combustível nuclear continue a desenvolver-se. Para concluir, gostaria de ressaltar, que no contexto da luta global contra a mudança climática, que agora virou uma tendência também na América Latina, percebemos um crescimento constante do interesse pelas tecnologias nucleares e energia nuclear, o que abre novas perspectivas para a ROSATOM.
Fonte: Petronotícias