Uma equipe da Eletronuclear dedicada ao programa de extensão da vida útil de Angra 1 deve apresentar o resultado da reavaliação periódica de segurança da usina em dezembro de 2023 à Comissão Nacional de Energia Nuclear. A análise dos 14 itens exigidos é um passo importante no processo de licenciamento junto à CNEN, para a extensão por 20 anos do prazo da operação da usina.
Há um processo de licenciamento também junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que demanda a apresentação da análise ao órgão ambiental. Isso deverá ser feito no momento apropriado, informou o coordenador da Diretoria Técnica da Eletronuclear e gerente de Geração de Longo Prazo e Renovação de Licença de Angra 1, José Augusto Ramos do Amaral. As licenças atuais, emitidas pela CNEN e o Ibama, vencem em 2024.
“Estamos trabalhando com afinco nessa avaliação”, afirmou o gerente do projeto, durante evento paralelo à décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico. Amaral destacou a importância da prorrogação da operação de Angra 1, a mais antiga das duas usinas nucleares em operação no país. A central tem 640 MW de potência instalada e começou a operar em janeiro de 1985.
Em 2018 foi criada um estrutura específica dentro da Eletronuclear para tratar das ações do programa de operação de longo prazo da usina. O coordenador explica que a empresa já vinha trabalhando nisso há vários anos, mas decidiu criar a gerência com a proximidade do fim do contrato.
Pelas normas da CNEN, o prazo para solicitação da renovação da licença é de cinco anos antes do vencimento, o que foi feito em outubro de 2019. O próximo passo é a reavaliação de segurança da usina, que é feita a cada dez anos . A primeira aconteceu em 2004, a segunda em 2014 e a terceira seria em janeiro de 2024, mas será antecipada para dezembro do ano anterior.
A meta da estatal é solicitar a extensão da licença até 2044. A Eletronuclear vai propor à CNEN usar a metodologia adotada nos Estados Unidos, onde existem mais de 90 usinas nucleares em operação, mas também padrões de avaliação de segurança da Agência Internacional de Energia Atômica.
O plano de operação de longo prazo de Angra 1 envolveu ao longo do tempo ações e melhoramentos, segundo o representante da Eletronuclear. Foram realizadas análises em várias etapas para demonstrar que apesar dos efeitos dos envelhecimento da usina e ela tem condições de continuar operando. Há projetos, mais para a frente, que dependerão de financiamento e a estatal espera contar com o apoio do Eximbank americano.
Para Amaral, existem vários desafios para a execução bem sucedida das atividades que compõem a execução desse programa. Os principais deles, em sua avaliação, são a alocação de recursos humanos com a formação adequada para um trabalho que é complexo e multidisciplinar, a contratação de empresas experientes e qualificadas para apoiar o esforço da Eletronuclear e o atendimento aos requisitos regulatórios e às expectativas, em linha com as melhores práticas internacionais.
Ele também incluiu nessa relação o desenvolvimento de um plano de gerenciamento que represente de maneira clara todas as ações necessárias e possibilidades, o monitoramento adequado e a realização de todos os marcos do projeto. E ainda, o desenvolvimento de um plano de negócios e a negociação de recursos financeiros para apoio à aprovação e execução do projeto.
Fonte: Canal Energia