O ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, confirmou que, além de Angra 3, o Brasil terá uma nova usina nuclear indicada no Plano Decenal de Energia (PDE) 2031. Os estudos em busca de um local para a construção do projeto já começaram.
O mapeamento para a localização de novos sítios nucleares é conduzido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e com Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras.
O PDE é um plano elaborado pela EPE com a indicação das perspectivas de expansão do setor de energia ao longo de uma década. A versão do documento com as perspectivas até 2031 deve ser publicada no início do ano que vem.
De acordo com a EPE, os estudos de sítio e de viabilidade de um novo projeto nuclear vão permitir incorporar mais detalhes ao planejamento decenal.
A última usina nuclear a entrar em operação no Brasil foi Angra 2 (RJ), em 2001, com potência de 1,35 gigawatts (GW). Antes disso, a primeira termelétrica nuclear brasileira foi Angra 1, inaugurada em 1985, com 640 megawatts (MW) de potência. O volume produzido pelas duas plantas nucleares equivale a cerca de 2% da matriz elétrica nacional.
Ainda está em construção a usina de Angra 3, prevista para entra em operação em 2026, com potência de 1,4 GW. Os três projetos são operados pela estatal Eletronuclear, empresa subsidiária da Eletrobras.
A confirmação de que uma nova usina será indicada pelo governo já no próximo PDE ocorreu em vídeo enviado por Albuquerque à cerimônia de entrega do prêmio honra ao mérito nuclear, organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), na semana passada. O ministro está em Glasgow (Escócia), para a Conferência do Clima (COP 26).
O plano nacional de energia 2050, no qual a EPE indica tendências de longo prazo, publicado no ano passado, indicava que o país poderia ter de 8 gigawatts (GW) a 10 GW em capacidade instalada de energia nuclear nos próximos 30 anos. Segundo a EPE, o volume inclui a nova usina citada pelo ministro.
Para o presidente da Abdan, Celso Cunha, a indicação de um novo projeto nuclear no PDE vai permitir com que empresas que têm interesse em colaborar no empreendimento comecem a se organizar. Ele ressalva, no entanto, que a contratação deverá depender de um leilão de energia.
“Estamos saindo do campo das ideias. Isso passa a ser um radar para empresas interessadas”, afirma Cunha.
Segundo o presidente da Abdan, em meio ao cenário de crise hídrica, a implementação de uma nova térmica nuclear na região Sudeste poderia ajudar na recuperação dos reservatórios ao longo dos próximos anos.
O Brasil vive a pior estiagem em nove décadas, o que afetou as usinas hidrelétricas, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A estiagem levou ao acionamento de usinas térmicas, que devem permanecer operando nos próximos anos para ajudar a aumentar o volume de água nas hidrelétricas.
Fonte: Valor