Dezenas de servidores da sede e de outras unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participaram, nos dias 20 e 21 de outubro, do Exercício Parcial Integrado de Resposta à Emergência e Segurança Física Nuclear. A atividade buscou treinar e avaliar a estrutura de resposta e os procedimentos do Plano de Resposta Integrada a Evento de Segurança Física Nuclear e do Plano de Emergência Externo (PEE) da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis (RJ), onde estão localizadas as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e as futuras instalações de obras de Angra 3, controladas pela empresa estatal Eletronuclear. Em razão da pandemia e alinhados com uma cultura de segurança, todos os participantes do exercício cumpriram protocolos sanitários recomendados pelas autoridades competentes.Centro de Comando e Controle de Emergência Nuclear – CCCEN.O Exercício iniciou às 8 horas do dia 20 e se estendeu até 15h30 do dia 21. Na simulação, foi necessário lidar com um hipotético ataque terrorista à Central Nuclear e também com um acidente que causou liberação de radiação para o exterior das usinas. Na simulação houve ainda a necessidade de evacuação e abrigagem da população próxima às instalações nucleares.
A atividade realizada buscou avaliar a eficácia do plano, identificar possíveis pontos vulneráveis e aperfeiçoar os procedimentos. Mesmo baseado em uma situação fictícia, foi uma operação de grandes proporções, que envolveu entidades civis e militares e a população da região. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) participou através da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que mobilizou seus servidores em diferentes frentes de atuação, envolvendo estrutura e recursos humanos da Diretoria Gestão Institucional (DGI), Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) e Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS).
Servidores da CNEN participaram da atividade exercitando diferentes competências. Especialistas do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da DPD no Rio de Janeiro, se colocaram em prontidão para atividades de monitoração de radiação, como coleta de amostras de ar, água e solo para análise da presença de material radioativo e medições de radioatividade em vários pontos da região, entre outras atividades.CIEN em atividade.
A CNEN também enviou representantes da DRS para todos os centros de decisão montados em caso de acidente nuclear: Centro Nacional para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cenagen), Centro Estadual para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen) e Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN). Em outra área de atuação, servidores do setor de comunicação social da sede da CNEN, ligados diretamente à Presidência do órgão, trabalharam no Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN).
Na sede da instituição, a Coordenação de Resposta à Acidente Nuclear (Coran) atuou recebendo informações dos inspetores residentes da CNEN nas usinas e do representante da Comissão no CCCEN. A Coran também realizou a avaliação dos gráficos gerados pelo software Argos, que é capaz de monitorar o descolamento de uma eventual pluma radioativa e estimar a dose radioativa em indivíduos que possam ser afetados por esta pluma. Assim, a Coran pode recomendar ações de resposta voltadas à proteção da população.Core reunida de forma virtual para o Exercício.Também com profissionais da sede, reunidos de forma virtual, entrou em operação a Coordenação de Resposta à Emergência (Core), que recebe informações da Coran e está apta a avaliar o cenário do acidente e tomar decisões relacionadas à radioproteção, segurança nuclear, entre outros aspectos ligados aos desdobramentos de uma emergência na área nuclear. É através da Core que o presidente, diretores e demais profissionais da CNEN, em complemento ao trabalho dos técnicos da instituição, podem acompanhar em detalhes um acidente e adotar medidas de resposta à situação emergencial.
Para a CNEN, a simulação permitiu exercitar suas tarefas e obrigações em um caso de acidente nuclear e promoveu um maior entrosamento das diretorias em situações que exigem resposta rápida. A DRS focou nas ações regulatórias, na representatividade junto aos centros de controle e na tomada de decisões envolvendo o quadro de emergência. Profissionais da DPD funcionaram, prioritariamente, como braço operacional especializado nas ações técnicas necessárias ao quadro emergencial. À DGI coube providenciar a logística necessária para que todas estas atividades pudessem ocorrer, o que incluiu disponibilização de recursos financeiros, meios de transporte e a adequada estrutura de informática, meios de comunicação e ambientes de trabalho, entre outros.
Supervisão e coordenação do Exercício
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República foi o responsável pela supervisão do Exercício, já que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON). A coordenação da atividade coube ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. A organização detalhada das ações do Exercício foi realizada pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR). O comitê reúne representantes do GSI, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Eletronuclear, CNEN, Defesa Civil (nacional, estadual e municipais de Angra dos Reis e Paraty), Corpo de Bombeiros e Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Rio de Janeiro.
No Brasil, nunca houve o registro de acidentes relevantes em usinas nucleares. Os exercícios do plano de emergência são uma evidência do cuidado extremo que a área nuclear possui em todas as suas ações. As atividades são resultado, justamente, da preocupação em saber o que fazer, com competência e precisão, na remota hipótese de um acidente real. Desde 1996, são realizados, anualmente, exercícios de resposta à emergência nuclear na CNAAA. Apenas em 2020, em razão da pandemia, não houve este tipo de simulação. A retomada, em 2021, voltou a contar com a participação de peritos e observadores nacionais e estrangeiros, incluindo integrantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Essa troca de experiências já resultou na revisão de legislação do setor e tem permitido um aperfeiçoamento contínuo do plano de emergência.