A energia nuclear é “indispensável” para descarbonizar o Japão, disse o ministro da indústria, Koichi Hagiuda, na terça-feira, um sinal de que o novo governo do primeiro-ministro, Fumio Kishida, pressionará fortemente para reiniciar os reatores do país.
A maioria dos reatores nucleares japoneses está desligada desde o colapso de 2011 na usina Fukushima Daiichi, devido a regulamentações mais rígidas e à persistente desconfiança do público sobre a fonte de combustível.
Mas Hagiuda sugeriu que não há outra maneira de o Japão cumprir sua meta de se tornar neutro em carbono até 2050.
“Precisamos buscar todas as opções” para alcançar emissões líquidas zero, disse Hagiuda, que dirige o Ministério da Economia, Comércio e Indústria, em uma entrevista a vários meios de comunicação.
“A energia nuclear é indispensável quando pensamos em como podemos garantir um fornecimento de eletricidade estável e acessível e, ao mesmo tempo, enfrentar as mudanças climáticas”, disse ele, ao mesmo tempo em que enfatizou que a segurança será a principal prioridade em qualquer cenário que envolva a energia nuclear.
“Vamos trabalhar para reiniciar os reatores nucleares do Japão” com foco na segurança e com a compreensão das comunidades locais, disse ele. O ex-ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi, estava relutante em abraçar a opção.
Ainda assim, Hagiuda disse que não houve qualquer mudança neste momento na posição do governo contra a reconstrução ou construção de novas instalações nucleares.
De acordo com as atuais regulamentações japonesas, os reatores nucleares só podem permanecer em operação por até 60 anos. Isso significa que todas as instalações existentes ficarão off-line no máximo até 2060.
Alguns membros do Partido Liberal Democrata (LDP, o partido no poder no Japão), querem que o governo permita que os reatores existentes sejam substituídos. Hagiuda não esboçou nenhum plano de médio a longo prazo para a energia nuclear, além de reiniciar as instalações existentes.
Com relação à energia renovável, Hagiuda prometeu “medidas rápidas” para resolver as deficiências nas redes de energia existentes, que forçaram as fazendas solares a reduzir a produção no passado. Citou mais uso de baterias de armazenamento como exemplo.
O novo gabinete do Japão, que tomou posse na última segunda-feira, deve aprovar o novo plano básico de energia, elaborado pelo ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga, sem grandes ajustes até o fim de outubro.
Hagiuda também abordou na terça-feira a indústria de semicondutores. O Ministério da Economia, Comércio e Indústria está cortejando a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., maior fabricante de chips contratado do mundo, para abrir uma planta no Japão para melhor atender à demanda doméstica.
“Quero promover a introdução de mais instalações de chips em nosso país”, disse Hagiuda, acrescentando que pretende garantir o orçamento necessário para que isso aconteça.
Um dos objetivos de Kishida como premiê é criar um “ciclo virtuoso de crescimento e distribuição”. Como parte desse impulso, Hagiuda disse que buscará medidas mais fortes para impedir que grandes corporações intimidem fornecedores menores, exigindo preços bem abaixo do valor de mercado.
Fonte: Valor Econômico