O sétimo dos 15 módulos previstos para armazenar o combustível usado das usinas de Angra 1 e Angra 2 acaba de ser instalado pela Eletronuclear em uma área sobre rocha sã dentro do complexo nuclear de Angra dos Reis. Esses módulos (foto) usam tecnologia da empresa norte-americana Holtec e são carregados com um cânister (cascos) que, por sua vez, contém 32 elementos combustíveis, retirados da piscina de Angra 2. Para lembrar, a capacidade de armazenamento das piscinas de combustível usado de Angra 1 e 2 se esgotará este ano. Por isso, a Eletronuclear já desenvolve este projeto desde novembro de 2018, para que não haja interrupção no fornecimento de energia das duas usinas. Denominada Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS), eles abrigarão esse material até que o governo federal decida pela construção de um depósito definitivo. Essa solução técnica permitirá que Angra 1 e 2 continuem operando, na medida em que a UAS ampliará a capacidade de armazenamento de combustíveis usados.
Angra 1 e 2 utilizam elementos combustíveis no interior do reator para gerar calor e, consequentemente, produzir energia. Após um período de três a quatro anos, os elementos combustíveis são retirados do reator e armazenados em piscinas localizadas dentro das próprias unidades. À medida que a estocagem atinge a capacidade máxima, há necessidade de construir um novo repositório, de forma a permitir a continuidade da operação das usinas. A UAS ficará localizada dentro da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), fora das áreas das usinas, com fundação sobre rocha sã.
Interessante dizer que que combustível usado não é sinônimo de rejeito. Num elemento usado, como os que serão armazenados na UAS, apenas 5% da massa de combustível são considerados rejeitos de alta atividade. O restante pode ser reprocessado, como já é feito em diversos países. Trata-se de uma tecnologia em franco desenvolvimento e o Brasil tem plenas condições de guardar seu combustível nuclear usado com segurança antes que seja necessário tomar uma decisão definitiva sobre a destinação desse material.
A instalação confina os elementos combustíveis dentro de um casco cilíndrico em aço inoxidável fechado hermeticamente, com gás hélio em seu interior. A refrigeração é feita de forma passiva, sem utilização de energia elétrica, pela movimentação do ar exterior. Esse casco fica protegido por um módulo de armazenamento construído com dois cilindros de aço preenchidos com concreto de alta densidade. O módulo mede cerca de 6,0 m de altura x 3,6 m de diâmetro e tem a função estrutural de resistir aos eventos externos. A tecnologia da UAS é amplamente utilizada há mais de 30 anos nos Estados Unidos e em outros países. No mundo todo, já existem cerca de 100 mil elementos usados guardados em mais de 2.400 cascos.
Fonte: Petronotícias