A retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 pode gerar mais de 5 mil empregos nos próximos anos, segundo estimativas do governo federal, além de ampliar a diversificação e autonomia do parque energético do país, que está entre as dez nações com maior reserva de urânio do mundo. As oportunidades desta, que deve ser a maior obra pública do ano no Brasil, foram o tema do programa Rio em Foco , que recebeu Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e Renato Regazzi ,gerente da unidade fluminense do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ).
Esta é a segunda tentativa de retomada da construção de Angra 3, mas agora a expectativa é colocar a usina em operação. Com 65% das obras já concluídas, a previsão oficial é de que a obra seja concluída em aproximadamente cinco anos. “Está previsto no plano decenal de energia que a usina fique pronta em 2026 e comece a operar em 2027. É uma obra que vai injetar no Rio de Janeiro algo em torno de R$ 20 bilhões e está saindo do papel”, informa Celso Cunha.
Estudo coordenado em parceria entre Sebrae e ABDAN mostra que os investimentos necessários à retomada de Angra 3 vão beneficiar a cadeia produtiva local. “A princípio, quando se fala no setor de energia nuclear, parece que ele está distante das micro e pequenas empresas, mas não é bem assim. Além das atividades diretamente ligadas ao reator, que de fato têm alta barreira de entrada, temos toda a construção civil e outras atividades fora da operação primária que trazem oportunidades, tanto para pequenos empreendimentos tradicionais, quanto para as startups de base tecnológica. É uma oportunidade muito grande para o estado do Rio de Janeiro”, destaca o gerente do Sebrae, Renato Regazzi.
A previsão dos especialistas é de que o desenvolvimento da indústria nuclear favoreça a pavimentação de uma rota tecnológica interligando ativos e fornecedores do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Segundo Regazzi, 70% dos negócios do setor nuclear serão desenvolvidos nestes três estados. “O Rio de Janeiro é privilegiado em relação ao setor nuclear. Os maiores ativos estão aqui, mas quando observamos a cadeia produtiva do setor nuclear, observamos que os ativos são interdependentes. Também existem muitos fornecedores de grande porte em São Paulo e Minas Gerais formando uma rota tecnológica de aproximadamente de 300 quilômetros”, explica Regazzi.
Celso Cunha destacou que este é um momento em que o mundo inteiro volta a olhar para a energia nuclear como uma oferta viável de energia. “A indústria nuclear vive um momento de ascensão global. O mundo clama por uma matriz energética mais limpa e isso tem impactado todas as diretrizes para investimento em captação e geração de energia”, avalia.
O presidente da ABDAN argumenta que a crescente dificuldade de expandir o parque hidrelétrico aponta para a necessidade de apostar na energia nuclear como forma de diversificação. “Os nossos reservatórios não vem se recompondo há mais de 20 anos. Sempre começam um novo período de seca com menos reserva hídrica, além de ser cada vez mais difícil construir novas hidrelétricas. Já as energias solar e eólica são intermitentes porque dependem do sol e do vento. Daí a importância da energia nuclear cuja oferta é estável”, explica Cunha.
O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (31/08), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast “Quero Discutir o Meu Estado”, disponível nas principais plataformas de streaming. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (04/09), às 17h, e domingo (05/09), às 20h.
Fonte: Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro