Micro e Pequenas Empresas podem ser o sustentáculo para a formação de uma cadeia produtiva do setor nuclear

“O Programa Nuclear Brasileiro (PNB), fruto do Acordo Nuclear Brasil – Alemanha Ocidental de 1975, é resultado dos esforços de políticas científicas e tecnológicas que impulsionaram o desenvolvimento socioeconômico no Brasil, e que se tornou uma preocupação latente no período de 1964 a 1985. Deste programa, foram criadas empresas especializadas nas atividades nucleares, mão de obra altamente qualificada, centros e laboratórios de pesquisa, joint ventures, absorções de conhecimentos e tecnologias e o desenvolvimento de capacidades técnicas industriais que, em grande parte, conseguiram ser mantidas pelo governo mesmo após os tempos de crise econômica do final da década de 1980 e da década de 1990.

Do ponto de vista da geopolítica, a exploração científica, tecnológica, industrial e comercial do urânio enriquecido pode tornar o Brasil autossuficiente na produção de urânio e exportador de combustível nuclear” (Drª. Fernanda Corrêa, 2019).

Parcerias para formar uma cadeia produtiva próspera

Através de empresas âncoras, como as estatais: Nuclep, Eletronuclear, INB e AMAZUL e as empresas privadas: ATECH, Westinghouse, CNCC, FRAMATOME, E.D.F., Holtec e Rosaton, é possível fomentar os pequenos negócios, que hoje já respondem por cerca de 99% dos negócios brasileiros, têm uma participação de 30% do PIB e são responsáveis por 55% dos empregos gerados no país (Ministério da Economia, 05/10/2020), a formar uma cadeia produtiva próspera para o setor nuclear.

Incentivar a transversalidade entre setores, a formação de joint ventures e a inovação tecnológica, baseado em uma política científica e tecnológica que impulsione o desenvolvimento socioeconômico no Brasil é urgente.

O setor nuclear está avançando

As obras para término da usina de Angra 3 e a extensão de vida de Angra 1 estão em curso. O depósito de armazenamento a seco do combustível empobrecido, está preste a ser inaugurado. A reabertura da mina de urânio de Caetité, Bahia e o início dos preparativos para a exploração da mina de Santa Quitéria, Ceará são alguns exemplos do que está acontecendo no setor nuclear.

O Ministério de Minas e Energia, aprovou em 08/03/2021 a resolução nº 2, de 10 de fevereiro de 2021 do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE que estabelece orientações sobre o uso de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de energia do País.

Oportunidades por meio da ascensão da indústria nuclear

É preciso aproveitar este momento de ascensão da indústria nuclear em todo mundo e no Brasil para promover a inovação tecnológica. Por exemplo, embora a INB, domine o conhecimento de todas as etapas do ciclo do combustível, o urânio extraído das minas não é convertido para o estado gasoso nem enriquecido em território nacional.

Como este, tem-se muitos outros exemplos que durante a pandemia ficaram exacerbado pela dificuldade de ter acesso a equipamentos e serviços no Brasil. A própria Eletronuclear teve que se reinventar durante o processo de abastecimento de Angra 2 que ocorreu em 2020.

As necessidades e as condições iniciais estão formadas. Está na hora de ter uma política de apoio a nossa indústria de base nuclear, principalmente a formada pelas MPE. Ter um cluster formado pela união de institutos de pesquisas e empresas prestadoras de serviços especializados é de suma importância.

* Este artigo faz parte do ebook ‘Encadeamento produtivo tecnológico – inovação aberta’, elaborado pelo Programa Rio Oportunidades de Negócios, criado pelo Sebrae Rio.