Por Antônio Claret Jr., Advogado e Vice-Presidente do Instituto Liberal
O Brasil passa por uma crise hídrica histórica. A piora nas condições das chuvas se agravou nas últimas semanas ameaçando o “controle técnico” do sistema elétrico e expondo o país ao risco de falhas de geração de energia elétrica.
O erro não é atual. Ele vem de longa data e acompanhado das tão negadas mudanças climáticas. É óbvio que o planeta passa por mudanças climáticas, aceleradas por altas emissões de carbono, e que nos trazem consequências como a redução das chuvas durante o período úmido e extensão do período seco. Por consequência, menos e menos água disponível, o que afeta diretamente os sistemas de geração de energia elétrica associados a força hídrica.
Fato é que o Brasil tem feito sua parte na diversificação e aumento da capacidade de geração de energia. Há 20 anos, sua capacidade de gerar energia era de 81 gigawatt sendo 85% de hidrelétricas e passou a 175,8 gigawatt com 62% de hidrelétrica e 25,5% de termelétricas, sendo o restante de outras fontes.
Ora, mas se houve essa diversificação e grande aumento na capacidade de gerar energia, onde está o erro? Basicamente, em dois pontos:
- O país construiu usinas hidrelétricas sem reservatórios, ficando nas mãos de “São Pedro”. Ou seja, dependendo da quantidade de água existente no rio, mesmo com mudança no regime de chuvas e aumento da demanda energética;
- houve diversificação para fontes intermitentes como água, sol e vento.
Ou seja, houve investimento em estrutura para geração de mais energia, mas não contaram com as mudanças climáticas e, especialmente, com a necessidade de boa parte das fontes serem perenes e não intermitentes. É preciso investir em outras fontes como o gás natural e, especialmente, uma fonte absolutamente limpa e ecológica que há muito segue esquecida: a energia nuclear.
É hora de deixarmos o preconceito de lado para esta bela fonte de energia limpa que tanto sofre, especialmente, pelo acidente nuclear de Chernobyl. Ocorre que aquele trágico acidente se deu há décadas por uma gestão estatal ineficiente da nada saudosa União soviética. Em um Brasil cada vez mais consciente de que serviços públicos devem ser prestados por privado, um acidente como aquele ocorrido entre socialistas seria muito pouco provável de ocorrer.
Em suma, é preciso olhar para frente e continuar investindo em aumento de capacidade de geração de energia, mas diversificando também para fontes limpas, porém perenes, como energia nuclear e gás natural antes que apagões se tornem realidade anual no Brasil.
* Este texto tem caráter opinativo e não reflete necessariamente o posicionamento da ABDAN.