Eletronuclear defende mais espaço na matriz elétrica

O presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, acredita que seria positivo para o setor elétrico brasileiro ter uma participação de cerca de 8% da fonte nuclear na matriz nacional.

O executivo lembrou que o fator de capacidade médio instalado no Brasil é baixo, devido à grande participação de fontes renováveis, que dependem de condições climáticas e, por isso, são intermitentes.

Segundo Guimarães, seria possível alcançar as previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de chegar a uma capacidade instalada entre 8 gigawatts (GW) e 10 GW de energia nuclear até 2050.

“Do ponto de vista de construção e financeiro, isso é bastante viável”, afirmou durante evento online do setor nuclear ontem. A Eletronuclear é a subsidiária da Eletrobras responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras.

Hoje, o país tem 1,9 GW de capacidade instalada de geração nuclear, a partir das usinas de Angra 1 e 2, localizadas no Estado do Rio de Janeiro.

O volume representa participação de cerca de 2% na matriz elétrica nacional. No momento, está em construção a terceira usina da fonte no país, Angra 3, prevista para entrar em operação em 2026, com potência de 1,4 GW.

Também presente à discussão, o presidente do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras, Amílcar Guerreiro, lembrou que a construção de Angra 3 vai retomar a cadeia de suprimento do segmento nuclear no Brasil, o que pode ajudar na construção de novas usinas nos próximos anos.

“Angra 3 tem um enorme potencial multiplicador no PIB”, acrescentou. Segundo Guerreiro, o Cepel está se preparando para ajudar a escolha das localizações de novas usinas nucleares no país.

Nesse sentido, o presidente da Eletronuclear destacou que o segmento está passando por uma mudança de paradigma, com a adoção de reatores menores.

“A escolha de sítios sempre foi fundamentada para grandes usinas com reatores a água, que é 90% do parque de geração nuclear comercial no mundo. Agora estamos numa fase de mudança, com pequenos reatores modulares e microreatores”, disse.

Os executivos também apontaram que a energia nuclear pode contribuir para a expansão do uso da tecnologia do hidrogênio como combustível.

A expectativa é que a aplicação do hidrogênio como combustível cresça no mundo, em meio à transição para uma economia de baixa emissão de carbono, mas seu processo de produção demanda alto volume de energia.

“A tendência é que o mundo se torne mais elétrico e, se queremos um mundo com menos emissões de carbono, um dos caminhos vai ser o hidrogênio, mas para isso é necessária a energia elétrica produzida a partir de fontes não emissoras e, assim, a nuclear é um caminho”, afirmou o presidente do Cepel.

Fonte: Valor Econômico