O poder da cooperação

Neste artigo, o presidente da Abdan aborda a importância do poder da cooperação entre as ações de diversos atores do governo e da sociedade civil visando tornar a troca de conhecimento um processo contínuo na retomada da crescimento econômico e a geração de oportunidades para todos os envolvidos na cadeia produtiva de diversos segmentos de atuação.

O PODER DA COOPERAÇÃO

No mundo atual, a cooperação entre elementos da mesma ou diferentes espécies pode ser a melhor forma de um grupo se desenvolver e sobreviver. Os genes formam os genomas, as células trabalham juntas nos organismos multicelulares e os animais cooperam nas sociedades.

A cooperação está em todo o lado na natureza. Empresários importantes como Bill Gates e Elon Musk já descobriram esse caminho há tempos. A hora da cooperação é agora, e exercê-la como prática diária é o caminho para fortalecer o setor nuclear.

NT2E 2021

A Nuclear Technology and Trade Exchange 2021 (NT2E 2021) é um exemplo disso. O evento contará com:

  • 138 palestrantes de todo o mundo em 31 painéis;
  • mais de 120 Instituições envolvidas;
  • mais de 1.500 inscritos;
  • mais de 100 mil visualizações nas redes sociais.

Ocorrerá o lançamento de diversas ações importantes para o setor, tais como:

  • Acordo com a AIEA;
  • Assinatura do acordo com a AMPP – “Association for Materials Protection and Performance” (AMPP);
  • O Fórum para o Desenvolvimento de SMR e as ações com o Sebrae para o fortalecimento da cadeia produtiva com as micro e pequenas empresas.

Com o objetivo de aliar mais uma vez a economia com a sustentabilidade, o mercado enxergou a cooperação como uma possibilidade de ampliar seu alcance e impulsionar o desenvolvimento das regiões do país.

Na área Nuclear, o Brasil e a Argentina construíram um grande exemplo de cooperação quando criaram a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle (ABACC), em 1991.

O Brasil vem avançando com seu programa nuclear nos últimos anos, a passos curtos e lentos, reorganizando-se, reinventando-se e começa a colher seus primeiros frutos a partir de um processo de cooperação entre a ação de diversos atores do governo e da sociedade civil. Confira xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx:

  • Eletronuclear avança com Angra 3;
  • A INB reabriu a mina de urânio em Caetité, Bahia;
  • O Ministério de Minas e Energia publicou o PNE 2050.

Medicina Nuclear

No Setor de medicina nuclear, avançou-se com a modernização da RDC 64 – ANVISA, que regula a produção e distribuição dos radiofármacos, entre outras ações.

Estes são exemplos de cooperação bem sucedida entre o governo, as associações setoriais, a sociedade civil e a iniciativa privada.

Mas não só de flores vive o setor nuclear

A criação da Autoridade Nacional de Energia Nuclear e a construção do Reator de Multipropósito Brasileiro (RMB) são exemplos de temas que enfrentam dificuldades em buscar a sinergia necessária para avançar desde 2008. Enquanto o mundo, durante o ano de 2020, deu a maior demonstração de cooperação na criação da vacina contra o COVID-19, o projeto do RMB praticamente não avançou.

Atualmente, vive-se a incerteza de não ter a matéria-prima para a produção dos radiofármacos necessários ao diagnóstico e ao tratamento do câncer.

Não seria o caso de permitir que a iniciativa privada pudesse colaborar mais neste tema?

A participação da iniciativa provada pode ajudar a estimular um ambiente de negócios para acelerar os mercados:

  • da medicina nuclear;
  • da mineração de urânio;
  • de geração termonuclear.

Importante frisar que são pautas que dependerão fortemente da construção de um ambiente cooperativo.

Para isso, é fundamental espelhar na natureza, pois ela é sabia e trabalha de forma cooperativa. Com competência e cooperação, o setor nuclear brasileiro terá a ascensão que merece, afinal nada surge do nada.

E com essa ideia em mente, pode-se considerar que lutamos muito para que o Plano Nacional de Energia (PNE 2050), expressasse a necessidade de construirmos novas usinas nucleares; e que o xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (PDE) também trouxesse referência a esta necessidade.

Seguindo esse raciocínio, há muito a ser feito para que se possa construir novas usinas termonucleares no Brasil.

É preciso trabalhar imediatamente para:

a) Realizar a definição dos sítios onde desejamos instalar estas usinas;

b) Estudarmos novas tecnologias nucleares, como por exemplo as de SMR;

c) Construirmos uma cadeia de suprimento mínima; e

d) Estabelecermos um ambiente de segurança regulatório jurídico.

Se as quatro proposições citadas acima não forem cumpridas, e se, ainda, as poucas políticas de fortalecimento do setor termonuclear existentes no nosso País forem simplesmente descontinuadas, como é o caso do programa RENUCLEAR, nossos esforços terão sido em vão.

Se forem adicionadas a esta lista os doze anos de discussões e debates do setor para a criação da nova Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), pergunta-se: todo esse empenho resultará no nada?

Porém, o momento não é trivial. A Marinha do Brasil vem trabalhando há muitos anos no projeto do submarino convencional à propulsão nuclear. Entretanto, os cortes orçamentários no Ministério da Defesa, promovidos neste ano de 2021, poderão impactar profundamente diversos projetos. É necessário unir ainda mais forças com o Governo para que se avance.

Para isso é preciso fazer jus ao que já foi construído, e avançar como um setor organizado. Afinal, nada surge do nada.

Entregas

A NT2E não é só um evento de troca de conhecimentos e de criação de ambiente de negócios, mas também de entregas. Confira as entregas que serão realizadas pelas entidades participantes:

1) Acordo para auxílio da difusão da tecnologia nuclear

Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a ABDAN assinaram acordo para auxiliar na difusão da tecnologia nuclear no Brasil. O acordo prevê priorizar ações voltadas ao apoio a cadeia produtiva e ao estudo da tecnologia de SMR entre outros.

2) Assinatura do acordo da ABDAN com a AMPP para melhoria do progresso científico e tecnológico no combate à corrosão

A Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) e a “Association for Materials Protection and Performance” (AMPP) assinarão um memorando de entendimento para estreitar o laço entre as duas entidades. Com o acordo, a ideia é fazer uma troca de experiências para melhorar o progresso científico e tecnológico no combate à corrosão, um tópico que é muito importante para o segmento nuclear.

3) Fórum para o Desenvolvimento de SMR nos Brasil

As empresas filiadas a ABDAN e Instituições colaboradoras, lançarão em conjunto com Empresa de Planejamento Energético – EPE e outros órgãos de governo, o Fórum para o Desenvolvimento de SMR que visa criar uma sinergia entre as entidades.

4) Lançamento de editais e programas específicos para os pequenos negócios participarem

O Sebrae Rio fará o lançamento dos editais listados abaixo visando gerar encadeamentos produtivos entre grandes e pequenas empresas:

  • Lançamento do edital para micro e pequenas empresas participarem do desafio tecnológico lançado com o Sebrae Rio pelas empresas ATECH, Eletronuclear e INB;
  • Lançamento da Rota Tecnológica Nuclear com o Sebrae Rio que existe no triângulo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais;
  • Lançamento do programa de encadeamento produtivo com o Sebrae Rio para trabalhar prioritariamente a cadeia de fornecedores de setores transversais ao setor nuclear.

Evento Nuclear Trade e Technology Exchange

Quando: 27 a 29 de julho de 2021

Inscrições: https://www.nt2e.com.br/

Evento gratuito!Fonte:Rio Oportunidades de NegóciosAutor:Celso Cunha – Presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN)Publicado em:27 de julho de 2021