Procuramos fazer comércio com o mundo, com raríssimas exceções, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira (5) que o governo brasileiro procura fazer comércio com o mundo, com “raríssimas exceções”. A declaração ocorreu no aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro foi receber o motorista Robson Nascimento de Oliveira, que estava preso na Rússia desde março de 2019. Na ocasião, Robson, que trabalhava para o jogador brasileiro Fernando — que na época jogava no Spartak Moscou — foi detido no aeroporto da capital russa por posse de cloridrato de metadona, remédio que é permitido no Brasil, mas proibido na Rússia.

A afirmação de Bolsonaro sobre o comércio com diversos países foi dada em função de uma pergunta sobre a aproximação entre Brasil e Rússia para a solução do caso de Robson, que havia sido condenado inicialmente a 20 anos de prisão, teve a pena reduzida para 3 anos e foi beneficiado no domingo (2) por um indulto do presidente Vladimir Putin. Bolsonaro afirmou que sempre foi próximo de Putin e disse que o governo brasileiro já vinha se movimentando em sigilo junto ao governo russo para obter o indulto para Robson.

“Eu sou muito próximo de Putin, é um país que nos interessa, assim como não nos distanciamos nunca da China. Vamos continuar vendendo para a China porque a China precisa comprar o que nós produzimos aqui. Assim é com os Estados Unidos, mesmo mudando o presidente. Talvez [Joe] Biden anuncie nos próximos dias uma remessa de vacinas para nós. Se isso se tornar concreto, a ser negociado pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, eu vou agradecer. É a vacina da AstraZeneca”, disse Bolsonaro.

Guerra química e bacteriológica

Ele criticou a repercussão ao seu discurso feito na manhã desta quarta, quando, ao falar sobre o vírus causador da covid-19, afirmou que “os militares sabem o que é uma guerra química e bacteriológica” e questionou “qual país que mais cresceu o seu PIB?”. Os primeiros casos da doença foram registrados na China.

Durante a sessão de hoje da CPI da Pandemia, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) criticou a declaração do presidente. “Eu acho que a situação nossa em relação a ter insumos vai piorar com essa declaração hoje (do presidente)”, disse o senador.

Hoje, no aeroporto, Bolsonaro afirmou que em momento algum do discurso falou a palavra “China”. “Eu não falei a palavra China hoje de manhã. Sei o que é guerra bacteriológica, química, nuclear. Sei porque tenho a formação, só falei isso, mais nada. Mas ninguém fala onde nasceu o vírus. A palavra China não está no meu discurso de quase 30 minutos no dia de hoje”, ressaltou.

Sobre a vacinação contra a covid-19, o presidente ressaltou que a primeira vacina aplicada no mundo foi em dezembro e a primeira dose no Brasil ocorreu no mês seguinte, em janeiro. “Fizemos vários contratos, no ano passado, com Pazuello [o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello]. Algumas vacinas não tiveram adiantado o contrato porque nós exigimos a passagem pela Anvisa e, mesmo assim, aqueles que aceitaram assinar o contrato, pagamos uma parte até com a passagem pela Anvisa e com a devolução do recurso. Nós acertamos, fizemos todo o possível. Somos um país de 210 milhões de habitantes, não é fácil, mas somos o quarto ou quinto que mais vacina no mundo. Afinal de contas é natural, até pelo tamanho da população. Estamos fazendo a coisa certa, nunca nos omitimos”, afirmou o presidente.

Ele também frisou que, sempre que um imunizante fosse aprovado pela Anvisa, seria comprado pelo governo. “Eu sempre respeitei o vírus, sempre desafiei a mídia a mostrar áudio ou vídeo meu dizendo que era gripezinha. Eu disse que para mim era um gripezinha, pelo meu passado de atleta. Estudos mostram que quem tem uma vida saudável enfrenta com menos problemas uma possível infecção por covid”, afirmou.

O presidente voltou a falar sobre a política “indiscriminada” de lockdown, que considerou um “crime” contra o país. Ele citou o artigo 5º da Constituição, que versa sobre, entre outros, o direito à liberdade.

“Será que tenho que baixar decreto nessa linha? [para pôr fim às medidas de restrição contra a covid] O artigo 5º é cláusula pétrea, não pode ser modificada nem por proposta de emenda à Constituição. Só pode ser modificado ou descumprido por nova Assembleia Nacional Constituinte”, disse. “É um crime o que estão fazendo no Brasil com essa política indiscriminada de lockdown, de toque de recolher, roubando empregos”, acrescentou.

Sobre a economia, o presidente afirmou que, no ano passado, o governo federal pagou em auxílio emergencial mais do que os últimos dez anos de Bolsa Família. “Quero pagar mais? Quero, mas o Brasil não pode continuar se endividando, tem que voltar a trabalhar, temos que enfrentar o vírus. Lamento as mortes. É como quem está em casa ouve um barulho, ele vai para debaixo da cama? Tem que pegar uma arma e esperar o cara para emboscá-lo dentro de casa”, afirmou o presidente. “O vírus é a mesma coisa, tem que lutar por ele. Passou a ser crime falar em tratamento precoce. Quero que esses que são contra me apresentem alternativa ou vão ficar no protocolo de Mandetta? Temos que buscar alternativas. Eu tomei hidroxicloroquina e no dia seguinte estava bom.”

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