Petróleo chega a cair 5%, revertendo otimismo com aumento de produção da Opep+

Por Barani Krishnan

Investing.com – Para o bem ou para o mal, os produtores mundiais de petróleo decidiram na semana passada desafiar a Arábia Saudita e pressionar por uma maior produção nos próximos três meses. Depois de dar tapinhas nas costas deles – até mesmo recompensá-los – o mercado agora está dizendo que a mudança foi definitivamente para pior.

Os preços do petróleo caíam mais de 5% na segunda-feira (5), revertendo a recuperação anterior à Sexta-Feira Santa, com os investidores desaprovando a decisão da Opep+ de interromper seus cortes de produção de um ano com base na crescente demanda por petróleo.

O grupo OPEP+ formado por 23 membros – compreendendo os 13 membros originais da OPEP, liderada pela Arábia Saudita, e dez outras nações produtoras de petróleo, comandadas pela Rússia – disse na quinta (1º) que produzirá 350 mil barris adicionais por dia em maio e junho, e mais 400 mil por dia em julho.

A Arábia Saudita inicialmente não queria um aumento na produção, mas cedeu à pressão do restante do cartel.

Embora o anúncio tenha sido recebido por um mercado amigável, ele passou a ser visto com uma lente diferente na segunda-feira devido ao cenário do coronavírus fora dos Estados Unidos.

As notícias mais recentes sobre a pandemia de Covid-19 mostraram que a variante do vírus do Reino Unido continua forte em partes da Europa – com a Polônia tendo 60 vezes mais casos do que um ano atrás. Enquanto isso, a Índia registrou um recorde de mais de 100 mil infecções por dia durante o fim de semana. A Europa, como região, é um dos maiores consumidores individuais de petróleo, enquanto a Índia é o terceiro maior comprador de petróleo bruto.

O Brent negociado em Londres, a referência global para o petróleo, caía US$ 3,30, ou 5,1%, para US$ 61,56 por barril às 13h53 (horário de Brasília).

O West Texas Intermediate negociado em Nova York, a referência para o petróleo dos EUA, caía US$ 3,50, ou 5,7%, para US$ 57,95.

Os preços do petróleo também foram pressionados pelas negociações do Irã com potências globais em Viena para encontrar uma maneira de acabar com as sanções norte-americanas de dois anos ao seu petróleo, impostas pelo antigo governo Trump.

A Casa Branca, agora sob o governo do presidente Joseph Biden, concorda em acabar com as sanções, desde que Teerã dê provas de que seu programa nuclear não é capaz de produzir uma bomba atômica.

O Irã, no entanto, está exigindo que as sanções sejam removidas antes de fazer tais concessões.

O impasse entre os dois lados – com as autoridades americanas deixando de participar das negociações pessoalmente por insistência do Irã e usando intermediários de outras potências mundiais para pressionar Teerã – indica que um acordo não será feito tão cedo.

Embora possa ser positivo para os preços do petróleo, o problema para o mercado é que o Irã vem violando as sanções há algum tempo, vendendo petróleo secretamente para a China, mesmo quando Trump estava no cargo. Desde que o atual governo assumiu em janeiro, o Irã se tornou muito mais ousado com as violações, já que Biden tem falado mais do que qualquer outra coisa sobre as sanções de Trump.

Mesmo que não consiga um acordo para retirar as sanções imediatamente, o Irã continuará adicionando petróleo ao mercado – além do aumento da oferta da Opep+ que ocorrerá a partir de maio. Isso é o que preocupa o mercado agora.

O Brent para junho fechou em queda de 4,2%, a US$ 62,15; O WTI dos EUA recuou 4,6%, para US$ 58,65 no fechamento das bolsas americanas.

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