Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS), que em abril completou 45 anos de existência, é uma entidade com o objetivo de discutir os interesses dos profissionais nucleares da região. Recentemente, a organização anunciou a nova composição de seu comitê executivo e, como já é tradição, o Brasil terá seu representante: o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, que foi eleito membro para um mandato de três anos. Em entrevista ao Petronotícias, ele ressalta a relevância de ter um organismo como a LAS interligando as discussões sobre a tecnologia nuclear nas nações latinas. “Incentivar a junção entre os países da região é algo extremamente importante. Isso fortalece as cadeias produtivas e permite fazer discussões regionais para que possamos apresentar posições para a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”, afirmou Cunha. “Só tenho a agradecer a todo o time da LAS/ANS pelo convite que foi feito. Eu acho que vai ser um momento extremamente interessante e importante para nós”, completou. Além de Celso Cunha, o comitê executivo da LAS/ANS terá ainda a argentina Norma Boero como membro e o mexicano Javier Palacios como presidente.
Poderia começar falando um pouco da importância da atuação da LAS/ANS para o setor nuclear?
A Seção Latina Americana é um espaço extremamente importante para toda a América Latina, porque discute o uso da tecnologia nuclear de forma pacífica. Incentivar a junção entre os países da região é algo extremamente importante. Isso fortalece as cadeias produtivas e permite fazer discussões regionais para que possamos apresentar posições para a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A LAS/ANS foi muito feliz em perceber que a realidade impõe uma necessidade regional de trabalhar em conjunto nas instituições e nas empresas que movimentam o setor.
Aqui no Brasil, o movimento do setor nuclear está crescente. Teve um período em que a Argentina estava em um ritmo mais acelerado do que o do nosso país. Agora, é o Brasil que está acelerando bastante. O México e outros países têm tradição na indústria também. Então, poder juntar todos esses países e incentivar o uso pacífico da tecnologia nuclear é fundamental.
O Brasil já tem um histórico de contribuições para a LAS/ANS. Isso deixa claro a relevância para a indústria nuclear regional?
Nós já tínhamos antes outros membros brasileiros na LAS. Por exemplo, o vice-presidente do conselho curador da Abdan, Dr. Orpet Marques Peixoto, teve um mandato na LAS/ANS como presidente. O Brasil sempre teve um papel de destaque na LAS. Normalmente, a seção sempre é presidida por um brasileiro por um período e depois por outro profissional de outro país. Agora, que vou assumir a função de membro do conselho executivo da LAS/ANS, não é só a minha pessoa que vem contribuir, mas sim a própria Abdan.
E de que forma a Abdan poderá apoiar a entidade?
A principal contribuição está na integração entre as instituições. Ou seja, poder levar todo o esforço que a Abdan tem feito no Brasil e colaborar com os outros países. Além de também receber contribuições de outros países. Nós vivemos em um mundo globalizado. As empresas trabalham em vários países.
A tecnologia é um tema global e cada país tem sua vertente e necessidades. O Brasil tem uma tradição nesse segmento. A Abdan, sem sombra de dúvida, traz todo seu estoque e apoio das empresas que colaboram com a associação. Só tenho a agradecer todo o time da LAS/ANS pelo convite que foi feito. Eu acho que vai ser um momento extremamente interessante e importante para nós.
Quais são as novidades que a LAS/ANS está preparando para este ano?
Está previsto um evento da LAS/ANS para novembro, no Rio de Janeiro. O tema principal será desenvolvimento de mão de obra. Isso é um assunto importante para o momento da energia nuclear no Brasil.
Por falar da situação atual do setor nuclear brasileiro, gostaria que comentasse também as recentes novidades, como a liberação de recursos para Angra 3:
Eu acho que, sem sombra de dúvidas, o Ministério de Minas e Energia vem passo a passo cumprindo a sua proposta de reativar as obras de Angra 3. Para chegar a esse ponto, precisamos de uma série de medidas. E temos tido sucessivos anúncios nesse sentido. Falou-se primeiro, em 2020, de um montante de R$ 1 bilhão. Depois, para 2021, já se falou de outra fatia de recursos. Agora, já se anunciou a questão da criação de uma nova estatal [para abrigar a Eletronuclear após a privatização da Eletrobrás].
É fundamental todo esse processo. Estamos indo em um caminho bom. Por mais que tenhamos a ansiedade de que isso aconteça rápido, acho que o processo está caminhando de uma maneira razoável.