O tema foi o centro do debate realizado na Associação Comercial de Pernambuco (ACP), que implantou ontem o Fórum sobre Energia e passará a promover encontros mensais para discutir as matrizes energéticas do país. Para tratar da energia nuclear, o convidado foi o vice-presidente da Westinghouse para a América Latina, Carlos Leipner. Entre os principais pontos a serem trabalhados para fomentar a expansão desse tipo de energia, Leipner pontuou a comunicação. “As incertezas são muitas em vários setores. O diálogo com a comunidade precisa acontecer para ela entender o que é energia nuclear, como ela pode ser fundamental para a sustentabilidade do fornecimento e como a tecnologia avançada do setor reduziu os riscos que estão no imaginário das pessoas”, pontuou.
Segundo ele, a energia nuclear desenvolve a economia. “Basta entrevistar quem mora em Angra dos Reis, onde estão as usinas Angra I e Angra II. Quanto mais perto você está, mais entusiasta e mais a favor. As pessoas entendem que quem trabalha na usina é o familiar, o vizinho, que se trata de trabalho seguro, emprego de alto nível, com bons rendimentos e sem riscos de alta radiação como se fala.” Além das duas usinas citadas, o Brasil possui a usina Angra III, ainda incompleta. Risco é contexto, diz ele. “A gente se expõe ao exame de Raio X e é radiação. Ninguém para de fazer exames. A gente come banana que tem potássio 40, que é radiação. Ninguém para de comer banana. É preciso entender para acabar com a resistência.”
Apesar do entusiasmo, os investimentos em usinas nucleares são de longo prazo. O tempo para sair do papel é de dez anos, metade de preparação do local e metade para a construção. “O diálogo com os poder público que é responsável por pensar essas estratégias de longo prazo precisa ser nesse sentido. Em paralelo, entram a comunidade, empresas do setor, as universidades e qualquer outro agente da sociedade.”